quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

ARTISTA DO MÊS: NEY MATOGROSSO!

Várias facetas e Ney: camaleônico, ousado e profundo!


Antes da escolha do artista do mês de Dezembro, resolvi fazer um referendo nas principais redes sociais com meus amigos (Orkut, Twitter, Messenger, Facebook). A eleição seria entre Paulinho Moska e Ney Matogrosso. Não foi uma disputa fácil: ambos os cantores tem uma forte aceitação pelo público e o resultado por pouco não ficou empatado. Mas os que escolhiam Ney eram taxativos ao afirmarem: "porque ele é formidável!"
Com quase quarenta anos de carreira e quarenta discos, Ney de Souza Pereira é daqueles artistas que dividem opiniões radicalmente: ou muito odeiam, ou muito amam. Performático (herdou o dom quando se aventurou como ator), ele criou uma maneira totalmente peculiar de se apresentar: criando personagens para determinada música, disco ou espetáculo. Falando em espetáculos, o cara tem inúmeros shows conceituadíssimos, bem sucedidos de público e crítica. Detém um verdadeiro ritual de preparação para suas apresentações - fazendo o elo entre a pessoa, o artista e a criação. Figurino inusitado, mudança de roupas e até apresentações sem roupa! O perfeito contraste nos anos 70, quando a censura pegava fogo em terras tupiniquins.
Ele ainda é versátil: não se faz de rogado ao cantar rock (na sua fase "Secos e Molhados"), mambo, merengue, Mpb, forró e tudo o que seu coração que pulsa sangue latino e ousado permitir. Ousadia, aliás, é seu forte! Percebe-se sua sinceridade exacerbada nas (poucas) entrevistas que concede, não economizando verbos em aspectos de sua vida (ele, por exemplo, não é sucinto ao falar de seu relacionamento com Cazuza e também ao confirmar que ainda usa drogas).
Dentre os detratores, existem aqueles que ridicularizam seu jeito de se apresentar - sobretudo os machistas, que não admitem que um homem se apresente rebolando daquela maneira. Pra eles, Ney já foi bem mais direto no deboche com músicas-alfinetadas como "Homem com H", ou " Calúnias (Telma eu não sou gay)".
Assim é o Mr. Matogrosso. Uma bagagem gigantesca num artista super versátil que enriquecerá as "páginas" de nossa revista musical por todo esse mês de Dezembro.
Podem reverenciar, agora...


[Biografia resumida, retirada do site oficial do cantor]


Ney de Souza Pereira nasceu em 1º de agosto de 1941 na pequena cidade de Bela Vista, no Mato Grosso do Sul, fronteira com o Paraguai. Desde cedo demonstrou vocação artística: cantava, pintava, interpretava. Ainda pequeno, escolheu o caminho do questionamento das reticências do mundo adulto, inconformando-se com seus preconceitos e incoerências. Teve a infância e a adolescência marcadas pela solidão, em parte voluntária - gostava de passar horas seguidas no mato, acompanhado somente por seus cachorros - e por outra parte forçada, pelas constantes mudanças da família, decorrentes das transferências de seu pai militar.
Até completar 17 anos, sua família morou, além de Bela Vista, no Recife, em Salvador, no Rio de Janeiro e em Campo Grande. Quando deixou a casa da família para entrar na Aeronáutica, Ney ainda não fazia idéia do que faria de sua vida. Gostava de teatro e cantava esporadicamente, mas acabou indo trabalhar no laboratório de anatomia patológica do Hospital de Base de Brasília, a convite do primo. Tempos depois, passou a fazer recreação com crianças.
Nessa época, foi convidado para participar de um festival universitário e chegou a formar um quarteto vocal, sob protestos da professora de canto e apesar do regente do coral do qual fazia parte elogiar sua voz especial.
Depois do festival, fez de tudo um pouco, até atuou em um programa de televisão. Também concentrou suas atenções no teatro, decidido a ser ator. Atrás deste sonho, ele desembarcou no Rio de Janeiro em 1966, onde passou a viver da confecção e venda de peças de artesanato em couro. Ney adotou completamente a filosofia de vida hippie.
Neste período, viveu entre o Rio, São Paulo e Brasília, até conhecer João Ricardo, através da grande amiga Luli, que mais tarde tornou-se compositora de alguns de seus maiores sucessos. João procurava um cantor de voz aguda para um conjunto musical. e convidou Ney para ser o cantor do grupo. Ele mudou-se para São Paulo, de encontro a um ano de exaustivos ensaios, que entremeou com a participação em espetáculos teatrais e o artesanato. Começou a se revelar, então, Ney Matogrosso. O nome artístico, ele resgatou na própria família: seu pai tinha Matogrosso no sobrenome.

Foi criado então o conjunto "Secos & Molhados", que apenas com um ano e meio de existência alçou fama nacional. É bom lembrar que o Secos e Molhados, apesar de cantar letras de cunho literário, era essencialmente um conjunto de rock. Sem abandonar este traço básico, Ney resgatou tesouros escondidos da chamada MPB tradicional, como "Bambo de Bambu", do repertório de Carmem Miranda - provavelmente a artista, em toda a história da música brasileira que, sob determinado ponto de vista, que mais se aproxima do que seria uma definição de Ney Matogrosso. Mas, ao contrário dela, e apesar de não faltarem oportunidades, Ney jamais se interessou em desenvolver uma carreira internacional.Uma viagem promocional o levou o Secos e Molhados ao México. Moracy do Val, na época empresário do grupo, recebeu diversas propostas para levar o Secos e Molhados para os Estados Unidos e a Europa. Não por acaso, ele garante, pouco tempo depois surgiu um grupo de heavy metal com os rostos pintados em estilo semelhante com o lançado por Ney Matogrosso. Era o Kiss, sucesso mundial na década de 70.
Com sua maquiagem marcante, roupas e requebros, Ney Matogrosso contrastava com aquela época de muita censura e preconceito - partiu para a carreira solo.

Em 1975, Ney estreou no Rio de Janeiro o show Homem de Neanderthal, uma ousada super-produção com ricos cenários, iluminação e na qual ele surgiu meio bicho/meio homem. Ney subia no palco coberto por peles, chifres e penas, fruto de sua própria e exclusiva criação. Sete meses depois do fim do fenômeno Secos e Molhados, Ney Matogrosso conquistou sucesso de público e crítica com seu primeiro show e o disco - Água do Céu-Pássaro - solos.
Novo show, novo disco. Em 1976, Ney ressurgiu mais simples e despojado, em Bandido. Foi com a música "Bandido Corazón", presente da amiga Rita Lee, que ele alcançou seu primeiro sucesso nacional como artista solo. No ano seguinte, uma enquete realizada na Penitenciária Lemos de Brito, no Rio de Janeiro, indicou o artista como predileto dos detentos, para fazer o show de encerramento do festival de música local. Para os presos, Ney era símbolo da liberdade, assim como para o público de maneira geral: Ney era a própria personificação de desejos reprimidos por uma época. Em 1977, lança o disco Pecado, com músicas do repertório do show Bandido que ainda não haviam sido gravadas. Seus shows tornaram-se cada vez mais ousados, enquanto o reconhecimento de seu talento como intérprete cresceu, na mesma proporção. O show e o disco Feitiço, em 1978, trouxeram a consagração de uma fase luminosa.

No decorrer da carreira, Ney aperfeiçoou-se como intérprete, passando a acrescentar uma carga tão intensa de estilo pessoal a uma música, praticamente tornando-se co-autor. Ney transformou-se em um dos intérpretes mais precisos de Chico Buarque em músicas como "Deixa a Menina", "Tanto Amar", "Até o Fim" e "Las Muchachas de Copacabana"; foi veículo ideal para as divertidas composições de Eduardo Dusek, como "Folia no Matagal", "O Rei das Selvas", "Cobra Manaus" e "Destino de Aventureiro"; e injetou ainda em sua explosiva receita o sangue fresco da nova geração comprometida com o rock, como atestam as faixas "Por que a Gente é assim?", "Pro dia nascer Feliz", "Fogo e Risco" e "Tão Perto".
No show Seu Tipo, de 1980, ele investiu em um visual mais simples. Ney Matogrosso escolheu o palco de um circo para estrelar o show Destino de Aventureiro, em 1984, no circo Tihany, do Rio de Janeiro, no qual revisitou 10 anos de carreira, travestindo-se de Homem de Neanderthal, bicho selvagem, bandido latino-americano e forrozeiro. Dois anos depois gravou Bugre, que acabou restrito ao vinil, pois show não chegou a ser feito, em nome da coerência profissional que sempre guiou o cantor.
Em 1986, na temporada de A Luz do Solo, no Rio de Janeiro, pela primeira vez Ney Matogrosso subiu ao palco sem qualquer máscara ou fantasia. Iniciou-se ali a fase em que a valorização do cantor, acima de qualquer outro aspecto, atingiu a sua plenitude. O intérprete revisitou, com emoção à flor da pele, o chamado repertório clássico da MPB, em músicas como "Dora", "Nem Eu", "Retrato em Branco e Preto", "Último Desejo", "Três Apitos", "Da Cor do Pecado", "No Rancho Fundo", "Modinha", "Autonomia" e "Na Baixa do Sapateiro", revelando maturidade e frescor, soando sempre novo, original. Inúmeros músicos o acompanharam: Hélio Delmiro, Marcio Motarroyos, Caetano Veloso, Severino Araíjo, Dori Caymmi, Erich Bulling, Paulinho da Costa, Eugênia Melo e Castro, César Mariano, Robertinho Silva, Paulinho Braga, Antonio Adolfo, Gal Costa, Jaques Morelembaum, Wagner Tiso e Arrigo Barnabé, até chegar ao quarteto formado por Raphael Rabello, Arthur Moreira Lima, Paulo Moura e Chacal no disco e show Pescador de Pérolas, de 1987, no qual adquiriu um prestígio no Brasil que ele próprio não confiava que tivesse.

Ney Matogrosso sempre foi um artista. Não se considera um cantor, apenas. A voz é mais uma de suas habilidades artísticas. Ney foi ator de cinema - em "Sonho de Valsa", longa-metragem de Ana Carolina, e "Caramujo Flor", curta de Joel Pizzini -, fez iluminação de Nanna Caymmi, Nelson Gonçalves, Chico Buarque, da Fundação Oswaldo Cruz, peças de teatro como Mistério do Amor, dirigiu dois Prêmios Sharp com os temas "Ângela e Cauby"e "Gilberto Gil", os shows do RPM, Cazuza e Simone e, mais recentemente, a peça Somos Irmãs.
Em 1992, uniu-se ao grupo Aquarela Carioca para realizar "As Aparências Enganam", que teve músicas como "El Manisero", "A Tua Presença Morena" e "Sangue Latino". Dois anos depois, o disco e o show Estava Escrito, homenagearam Ângela Maria, dando ao seu samba-canção uma roupagem requintada, uma leitura luminosa.
O show "Um Brasileiro", de 1996, no qual exerce uma das melhores interpretações de Chico Buarque, também virou disco e se mantem até hoje na estrada, embora em 1997 Ney tenha gravado "Cair da Tarde", disco no qual entrelaça as obras de Tom Jobim e Villa Lobos.

"Batuque" é um alegre passeio de Ney Matogrosso por um dos mais criativos períodos da música brasileira: as décadas de 30 e 40. Num momento em que as rádios do país não cansam de abrir espaço para o que o cantor define como "malícia pesada", "Batuque" celebra o balanço contagiante e a ingenuidade matreira de sambas, choros e marchinhas que definiram uma época de ouro da MPB. "Eu conhecia essas canções sem saber porque as ouvia desde criança. Mas não faço um espetáculo de época de resgate, porque essas músicas não se perderam. Estão à disposição de quem as quiser cantar e gravar", Ney explicou em uma entrevista para o jornal "O Estado de S.Paulo".
Com a ajuda de quatro pesquisadores (Jairo Severiano, Zuza Homem de Melo, Paulinho Albuquerque e Fausto Nilo), Ney definiu o repertório desta viagem musical no tempo. As músicas do espetáculo incluem as faixas que constam do disco, reproduzingo os mesmos empolgantes arranjos acústicos, e algumas outras, como "Batuque na Cozinha" e "Barco Negro".

Ney promove no palco e na platéia uma festa dançante que oscila entre a vibração de uma roda de samba e o entusiasmo de uma gafieira, com músicas como "O Que É Que a Baiana Tem?", "Tico-Tico no Fubá" e "E o Mundo Não se Acabou", que foram sucesso na voz de Carmen Miranda. Apesar de seis das músicas terem sido gravadas pela Pequena Notável, Ney revela que não se trata de uma celebração à carreira da cantora, como contou à "Folha de S.Paulo": "Não estou prestando uma homenagem a Carmen, não quis me limitar a ela. Mas o melhor daquelas décadas passava por ela mesmo. Eu teria que passar, inevitavelmente".
Produtor de reconhecida competência, Ney mais uma vez também assumiu as luzes e os cenários, criando um ambiente que define como "de teatro de revista". Para os figurinos, contou com a ajuda do estilista Ocimar Versolato, buscando peças nos brechós de Paris: "É extravagante, embora sóbrio, mas erótico porque é todo preto", explicou ao "Estadão". O espetáculo, que depois do Rio segue para São Paulo, vai dar origem a um DVD.

2002: Ney Matogrosso comemora 30 anos de carreira mergulhando no universo musical de um dos nossos maiores compositores: Agenor de Oliveira, o Cartola. A admiração pelo sambista carioca veio muito antes do inicio da sua carreira. Ney chegou a cantar composições de Cartola em discos anteriores como Pescador de Pérolas e À Flor da Pele, mas desta vez resolveu dedicar uma obra inteira ao mestre. O desejo de fazer uma antologia veio atrelado a outro projeto antigo: a publicação de um livro que compilasse em fotografias momentos da sua carreira. “Ousar Ser”, lançado em 2002 (272 páginas), do compositor e escritor Bené Fonteles, contém 135 fotos de autoria de Luiz Fernando Borges da Fonseca durante 20 anos da carreira de Ney, as quais retratam inúmeras perfomances em shows e revelam várias mudanças no visual do artista, traçando assim um perfil de sua atitude e ousadia, além de depoimentos do cantor. O disco, no qual Ney interpreta composições de Cartola, a princípio, seria apenas um complemento do livro, mas acabou ganhando vida própria. Teve registro ao vivo (com mais músicas que a versão em estúdio) e um DVD. No repertório há clássicos como “O Sol Nascerá”, “O Mundo é um Moinho”, “As Rosas não Falam”, “Basta de Clamares Inocência”, entre outras preciosidades.
Participam do projeto os músicos Zé Nogueira (Sax), Jorge Helder (baixo), Celsinho Silva e Zero (percussão), Ricardo Silveira (guitarra) e Marcelo Gonçalves (violão). Este show percorre todo o Brasil e Europa, completando um total de 100 apresentações em Portugal, sendo sucesso de publico e critica por onde passa.
Em 1997, Ney Matogrosso grava Caramujo Jah no CD “Astronauta Tupy” de Pedro Luís e A Parede, ano em que conhece o trabalho da banda e gosta muito. Em 1999, Ney inclui músicas de Pedro Luís no CD “Olhos de Farol” (Miséria no Japão e Fazê o Quê), e participa de vários shows da banda. Surge a idéia de trabalharem juntos num mesmo projeto um dia. O fruto desta idéia é “Vagabundo”, O CD com desdobramento em dois DVD´s: um da etapa de ensaios e gravações e outro do show registrado ao vivo no Olympia em junho de 2005 (ainda a ser lançado).

Com músicas variadas, “Vagabundo” é composto de 14 faixas, passeia desde a época do Secos&Molhados com “Assim Assado”, passando por “Disritmia” (Martinho da Vila), A Ordem é Samba (Jackson do Pandeiro e Severino Ramos), Napoleão (Luhli e Lucina), entre outras.
O cenário é baseado em desenhos do artista plástico Rodrigo Cabelo, que viram animação nas mãos do fotografo Cafi. A luz é de Ney Matogrosso e Juarez Farion. Ney veste figurinos de Ocimar Versolato enquanto a Parede e os músicos convidados são vestidos por Helena Gastal.
Depois da estréia no Rio de Janeiro, o show percorreu as principais capitais brasileiras e várias cidades do interior do Brasil, foi apresentando algumas vezes em Portugal, e a turnê se estende até o final do ano. Sucesso de público e critica, “Vagabundo” ganhou alguns prêmios: foi eleito pelos críticos da APCA como um dos melhores discos de 2004 e de melhor grupo em 2005.
Comportado ou transgressor, Ney mantém alta a qualidade de suas interpretações.
Para milhares de pessoas ou para um publico pequeno o canto do Ney realmente cabe em qualquer canto. "Canto em qualquer canto" durou dois anos, viajou o Brasil de ponta a ponta, em junho de 2007 cruzou o Atlântico e encerrou a turnê na Itália.
O estilo mais comportado que esteve presente no show anterior foi deixado de lado, agora ele mostra novo visual, inspirado em seus modelos mais extravagantes, no seu novo show Inclassificáveis que teve a sua estréia em Juiz de Fora no início da primavera.
“Gosto de mudar, de mexer para que a coisa fique atraente para que eu possa fazer. Não é uma preocupação com o público, mas com o meu prazer de estar fazendo. E me aproximo de novo do pop rock, que é uma coisa que gosto de fazer. Surgi assim, e de vez em quando eu gosto de fazer. Daí muda tudo, banda, tudo. Montei uma banda em São Paulo, ensaiamos durante um mês e meio lá. É isso, um show pop rock, portanto com bastante liberdade de figurinos e ação. Apesar de estar me sentindo muito à vontade ali, o Canto em Qualquer Canto era um recital pop, mas me restringia. Esse não, me dá uma maior liberdade.”

O espetáculo subverte a ordem natural da indústria fonográfica, que dita que um artista deve lançar um CD novo para depois sair em turnê. No caso de “Inclassificáveis”, Ney Matogrosso fará o contrário, talvez assinalando o que há anos já se discute: o fim da indústria fonográfica tal qual nós a conhecemos. “Para mim, o disco sempre foi um veículo para meus shows. Agora com a derrocada do CD sinto-me mais livre para exercitar minha verdadeira paixão, que é o palco”.
A apresentação terá 22 canções, 12 delas releituras de sucessos de outros cantores. Só de Cazuza são quatro composições. Ney abre o show com 'O Tempo Não Pára' e termina com 'Pro Dia Nascer Feliz'. Ainda serão apresentadas 'Por que a Gente É Assim?' e 'Seda', letra inédita do compositor, que ganhou arranjos de Lobão. No repertório ainda há versões de Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil e Jorge Drexler. Entre as inéditas, destaque para os novos compositores, que permeiam o repertório. Estarão no show canções de Pedro Luis, Iara Rennó, Alice Ruiz e Fred Martins, além de Marcelo Camelo, do Los Hermanos, e de Arnaldo Antunes.
Sobre o repertório, o intérprete conta que a idéia é trazer coisas novas, já que seu lema é: “sempre para frente, o que ficou pra trás é passado. Das antigas, vem ‘Mal Necessário’, que é dos anos 80, fez sucesso e nunca mais cantei”, 'Mente Mente' de Robinson Borba, 'Novamente' de Fred Martins.
O figurino tem assinatura de Ocimar Versolato, sempre mostrando um cantor provante e ousado. Ney aparece coberto de brilhos, que no decorrer do show se transformam em outros, a partir de cada troca em cena de adereços e peças. Uma recuperação do Ney “exótico” dos anos de 1970 e 80, época que encarnava um pavão misterioso andrógino e espalhafatoso. “Não é uma tentativa de recuperar nada daquela época, apenas uma proposta visual que achei bonita. Do passado só guardo meu espírito sempre crítico.”
A direção musical é de Emílio Carrera, ex-integrante dos Secos e Molhados.
O cenário do novo show remete aos tempos de extravagâncias cênicas e leva a assinatura de Milton Cunha. No palco, uma nova banda renova o cantor: Carlinhos Noronha (baixo), Junior Meirelles (guitarra / violão), Sergio Machado (bateria), Emilio Carrera (piano, teclado e direção musical), DJ Tubarão (percussão e pick up) e Felipe Roseno (percussão).
Em março de 2008 lançou o CD/DVD Inclassificáveis.

Ney comemora seus 35 anos com projetos ambiciosos, dois deles realizados pelo cineasta Joel Pizzini, em parceria com o Canal Brasil: o filme “Olho Nu” e um documentário ainda sem titulo. Ambos relatam etapas importantes da vida e da trajetória do cantor, mostrando o resgate de imagens raríssimas.
No premiado “Depois de Tudo”, curta metragem de 12 minutos, o cantor interpreta um homem casado há 35 anos, que mantêm um relacionamento extraconjugal com outro homem (interpretado pelo ator Nildo Parente). Cenas do cotidiano como cozinhar, assistir filmes, dormir abraçado e beijos ternos preenchem a tela de forma sutil e sensível.“Me ver beijando na boca de outro homem, era tudo o que as pessoas queriam". A frase foi dita por Ney Matogrosso durante a coletiva de imprensa realizada antes da primeira exibição de "Depois de Tudo" (2008), curta de Rafael Saar, que teve sua estréia no II For Raibow - Festival de Cinema da Diversidade Sexual, realizado entre 05 e 09 de setembro na cidade de Ceará.
O cantor destaca "Pescador de Pérolas" (1987) como um trabalho de importância fundamental em sua trajetória. “Até Pescador de Pérolas, eu tinha certa insegurança em saber se era realmente um cantor ou se eu era um ator que cantava. Um ator pode até cantar bem, dominar a técnica, mas é diferente de um cantor. Um cantor tem que ser intuitivo. Naquele show, de ambiente camerístico e no qual eu não usava maquiagem nem fantasia para me comunicar com o público, entendi que eu era mesmo um cantor”. A caixa foi organizada pelo jornalista e pesquisador Rodrigo Faour.
Em dezembro de 2008, estreia em Santos seu novo show: .
Em fevereiro de 2009 começaram as filmagens do longa “Luz Nas Trevas – A Revolta de Luz Vermelha”, continuação do clássico de 1968 “O Bandido da Luz Vermelha”, de Rogério Sganzerla, baseado na história do criminoso João Acácio (1942-1998). No remake, Ney interpretará o próprio bandido, vivido por Paulo Villaça (1946-1992) no primeiro filme. “Assim como o personagem, Ney tem personalidade fortíssima”, afirma a diretora e viúva de Sganzerla, Helena Ignez. “É um artista extraordinário”. “Gosto de desafios. Acho a vida interessante com desafios. Nesse, tem o que me assusta e o que me atrai, que é fazer a continuação disso, principalmente por ser um roteiro de Sganzerla”, disse Ney à Folha, após acompanhar, no 41º Festival de Brasília, a exibição do curta “Depois de Tudo”, de Rafael Saar, em que atua. O elenco do longa ainda conta com nomes como Maria Luisa Mendonça, Djin Sganzerla e Simone Spoladore. Selton Mello e Daniel Filho também devem fazer participações. Enquanto isso, Inclassificáveis, com algumas alterações, continuou na estrada, paralelo a todos esses projetos.

O CD, lançado em outubro, apresenta uma necessidade de Ney em intercalar trabalhos ousados com mais introspectivos. A maioria das canções se trata de relações amorosas.
O repertório começou a ser montado a partir do desejo de recuperar canções que havia gravado com outras pessoas e que ficaram de fora da caixa Camaleão, organizada por Rodrigo Faour, além de outras que ele já tinha vontade de cantar.
O título Beijo Bandido foi inspirado na letra de “Invento”, música do compositor gaúcho Vitor Ramil. Ney da um banho de interpretação, técnica e sedução, mesclando músicas antigas com canções contemporâneas.
A direção musical e os arranjos são de Leandro Braga, cujo piano se sobressai por vontade de Ney. Além de Braga, que já trabalhou com o cantor em projetos anteriores, completam a banda Lui Coimbra (cello e violão), Ricardo Amado (violino e bandolim) e Felipe Roseno (percussão).


COMENTÁRIO DE TH: Ufa! A biografia é gigantesca (e olha que dei uma resumida básica!) mas eu recomendo: leiam! Leiam pois testemunharão a grandiosidade de um artista que não tem receio de se aventurar pelos mais diversos campos e tem opiniões bem impactantes sobre muitos assuntos (adorei sua visão sobre a derrocata do cd - que faz ele se satisfazer com o melhor que pode oferecer, que são suas performances nos palcos).
Ney sempre tocou aqui em casa, apesar do preconceito do meu avô (como não poderia deixar de ser), minha avó adorava e eu sempre escutei com curiosidade hinos como "Sangue Latino", "Bandido Corazon" e muitos outros. O único show que contemplei (2 vezes) foi o da turnê
"Inclassificáveis" - vi um Ney mais maduro e consciente de seu papel como artista. Gostei tanto que escolhi esse disco pra aparecer no alto do EnTHulho. Outro disco que adoro é o "Um Brasileiro", de 1996. Para homenageá-lo, escolhi uma composição de Caetano que já tinha sido eternizada por Maria Bethânia e que Ney deu uma leitura completamente diferente!
Salve Ney!



*****************************************
A TUA PRESENÇA (MORENA)
Caetano Veloso. Ney Matogrosso

A tua presença: entra pelos sete buracos da minha cabeça
A tua presença: pelos olhos, boca, narinas e orelhas
A tua presença: paralisa meu momento em que tudo começa
A tua presença: desintegra e atualiza a minha presença
A tua presença: envolve meu tronco, meus braços e minhas pernas
A tua presença: é branca verde, vermelha azul e amarela
A tua presença: É negra, negra, negra, negra, negra, negra, negra, negra, negra
A tua presença: transborda pelas portas e pelas janelas
A tua presença: silencia os automóveis e as motocicletas
A tua presença: se espalha no campo derrubando as cercas
A tua presença: é tudo que se come, tudo que se reza
A tua presença: coagula o jorro da noite sangrenta
A tua presença: é a coisa mais bonita em toda a natureza
A tua presença: mantém sempre teso o arco da promessa
A tua presença: morena, morena, morena, morena, morena, morena, morena



TH - Orgasmo artístico!



16 comentários:

  1. Ney é o máximo. Lembro dele no Secos & Molhados. Achava aquela figura bem estranha, mas gostava bastante. Aos poucos, com a carreira solo, veio o Ney romântico, o Ney das aberturas de novelas, o Ney que canta Cartola. Sem dúvida, uma das mais belas vozes da música brasileira.

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  2. Eu confesso: já cheguei a ter medo da figura exótica do Ney Matogrosso, todo performático, em um clipe do Fantástico reprisado no Vídeo Show, no qual ele bradava: "Liberta, América do Sul!". Assustador para uma criança. haha. A sorte é que cresci e tinha a chance de conhecer melhor as músicas desse intérprete fantástico. Ótimo ver Ney no Enthulho! (eu votei nele! haha)

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  3. Também votei no Ney. Gosto muito dele. Quando criança, me assustava um pouco. Ele exercia sobre mim um fascínio meio mórbido, que nem a Madonna naquela turnê Erótica. Ao mesmo tempo, em que eu tinha medo, rolava também um certo interesse. Depois, comecei a escutá-lo e a admirá-lo. Ainda assim, prefiro a fase Ney solo. Com ênfase, na lindíssima "Viajante" da trilha de Baila Comigo.

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  4. O Ney é aquela "metamorfose ambulante" do Raul Seixas...

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  5. Qualquer coisa que se fale do Ney é pouco, primeiro porque ele transita por todos os ritmos - o rock esteve presente no show Inclassificáveis, sucesso total em 2008/2009 e agora está com um show romântico maravilhoso - Beijo Bandido. Segundo porque ele exerce todas as artes: canta, dança, dirige shows e teatro (peça Dentro da Noite em cartaz no Rio), faz a iluminação, confecciona seus acessórios, faz cinema (vejam Luz nas Trevas) etc... E terceiro, principalmente, porque é uma pessoa simples e comprometida com o bem - por exemplo apoiando o combate à hanseníase e mantendo sua RPPN, uma reserva de Mata Atlântica no Estado do Rio onde planta árvores para compensar o carbono emitido em seus shows e gravações. É ou não é um artista e uma pessoa excepcional???!!! Rita Vicente.

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  6. Rita!

    Que legal sua participação aqui. Seu comentário surtiu bem mais efeito que todo o meu post, pela riqueza de seu conhecimento e devoção pelo ídolo.

    Obrigado!

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  7. Ney é realmente "inclassificável"! É um artista completo! Adoooooooooooro!

    obs.: Tô sentindo sua falta lá no meu blog...

    bjs e bom fim de semana!
    M.Lee

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  8. De longe o mais expressivo e visceral de nossos intérpretes. Tive a oportunidade de assistir ao show "Um brasileiro", no qual Ney interpretava canções de Chico e é impressionante. Ney é hipnotizante, sedutor. Ao final do show todos na plateia (homens, mulheres, gays, bicicletas...) terminam apaixonados e entregues ao talento dele. Fora isso, sua postura de vida corajosa e transgressora é admirável. De longe, meu cantor favorito, pois, a exemplo de Bethânia, é apaixonado e apaixonante, totalmente entregue ao seu ofício comprometido diretamente com a emoção. Bela escolha, amigo! Seus leitores têm muito bom gosto...rsrsrs!

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  9. TH! viajei no tempo aqui e agora ... ki delícia ...

    obs: dê uma conferida neste artigo do Drauzio Varela

    http://muquedepeao.blogspot.com/2010/12/violencia-contra-homossexuais.html#more

    bjux

    ;-)

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  10. Fomidavél o que tú fizeste. Parabéns meu amigo TH!

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  11. Gente, eu sempre fui admirador da figura do Ney... ele sempre me pareceu um daqueles super-heróis, era hipnotizante!

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  12. Pelo conjunto da obra e por tudo o que ele significa para MPB é mais do que merecido.

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  13. Oi pra mim não existe um contor como ele.tenho um sonho de conhecer. já fui em 2 chou dele foi maravilhoso. ney que DEUS te abençoe todos os dias da tua vida

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  14. Ney é um artista transcendental e excepcional. Ouço seu CD repetidas vezes no trabalho. O dia todo. Amo e eternizo. Queria saber se ele já escreveu um livro ou teve um filho.

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