terça-feira, 31 de maio de 2011

RANKING - ATUALIZAÇÃO MENSAL (Maio 2011)


Um mês inteirinho dedicado a Raul Seixas. Literalmente!
De longe, contudo, Maio de 2011 foi o período em que mais abandonei o blog. Tive ajuda providencial das cronistas Lou de Albergaria e Cínthia Demaria, além dos contribuintes pras coletâneas Carlos e Jardel. Eles, de uma forma ou de outra, contribuíuram e muito pro blog não ficar parado.
O que aconteceu foi que comecei (finalmente) a trabalhar aqui em São Paulo e a rotina no escritório é totalmente maluca. Como estava em fase de adaptação, achei por bem me destituir de certas coisas da minha vida e, infelizmente, o EnTHulho Musical foi uma delas. Mas também ficou apenas nesse mês. Já mais "estabelecido" no âmbito profissional, pretendo retomar o tão conhecido fôlego do blog agora em Junho. Torçamos para que eu consiga!
Apesar de Raul ter reinado em absoluto, faltaram inúmeros tópicos que eu gostaria de versar sobre ele, tais como sua parceria com Paulo Coelho e também sua lembradíssima participação no especial infantil "Plunct, Plact Zum". Mas não é preciso que um cantor seja artista do mês pra que se fale nele, não é?

No mês das festas juninas, lancei as dicas nas redes sociais avisando que a artista do mês viria para garantir a presença do EnTHulho Musical no arraiá. Chutaram Carmélia Alves, Marinês...outros não se tocaram do artigo definido feminino e arriscaram Luiz Gonzaga (seria bom, hein?), mas desfaço aqui e agora o mistério: Elba Ramalho é a artista de Junho, e teremos um mês inteirinho pra falar da obra da esganiziçada e porreta cantora! Será uma festança daquelas!!!


Agradecendo o carinho dos convidados desse mês no blog, e prometendo um Junho mais ativo e musicalmente rico! Valeu mesmo!



Azul: subiram
Vermelho; caíram
Preto: mantiveram


1º CHICO BUARQUE – 17 músicas (=)
2ª ZÉLIA DUNCAN - 17 músicas (=)
3ª CÁSSIA ELLER – 12 músicas (=)
4ª RITA LEE – 12 músicas (=)
5ª MOSKA - 12 músicas (=)
6ª ADRIANA CALCANHOTTO – 11 músicas (=)
7ª MARIA BETHÂNIA - 11 músicas (=)
8º GUILHERME ARANTES - 10 músicas (=)
9ª MARISA MONTE - 10 músicas (=)
10º ALCEU VALENÇA - 9 músicas (=)
11º DJAVAN - 9 músicas (=)
12ª ELIS REGINA - 9 músicas (=)
13ª GAL COSTA - 9 músicas (=)
14ª MARINA LIMA - 9 músicas (=)
15º CAETANO VELOSO - 8 músicas (=)
16º LENINE - 8 músicas (=)
17º RAUL SEIXAS - 4 músicas (+24)
18º MILTON NASCIMENTO – 7 músicas (-1)
19º CAZUZA - 7 músicas (-1)
20º LEGIÃO URBANA - 7 músicas (-1)
21ª VANESSA DA MATA - 7 músicas (-1)
22ª ANA CAROLINA - 6 músicas (-1)
23º NANDO REIS - 6 músicas (-1)
24ª NARA LEÃO – 6 músicas (-1)
25º NEY MATOGROSSO – 6 músicas (-1)
26º OS PARALAMAS DO SUCESSO - 6 músicas (-1)
27ª DANIELA MERCURY - 5 músicas (-1)
28ª ELIANA PRINTES - 5 músicas (-1)
29º GILBERTO GIL - 5 músicas (-1)
30º GONZAGUINHA – 4 músicas (-1)
31ª NANA CAYMMI - 5 músicas (-1)
32º ROBERTO CARLOS – 5 músicas (-1)
33ª SIMONE - 5 músicas (-1)
34º TOQUINHO - 5 músicas (-1)
35º VINICIUS DE MORAIS - 5 músicas (-1)
36º ZECA BALEIRO - 5 músicas (-1)
37º ZÉ RAMALHO - 5 músicas (-1)
38º ENGENHEIROS DO HAWAII - 4 músicas (-1)
39º FLÁVIO VENTURINI - 4 músicas (-1)
40º OS MUTANTES - 4 músicas (-1)
41ª ROBERTA SÁ - 4 músicas (=)
42º SKANK - 4 músicas (=)
43ª MEMÓRIA INFANTIL: XUXA - 4 músicas (=)
44º MEMÓRIA INFANTIL: BALÃO MÁGICO - 3 músicas (=)
45ª BRUNA CARAM - 3 músicas (=)
46º CHICO CÉSAR - 3 músicas (=)
47ª CLARA NUNES - 3 músicas (=)
48ª CÉU - 3 músicas (=)
49º DORIVAL CAYMMI - 3 músicas (=)
50ª ELBA RAMALHO - 3 músicas (=)
51ª FERNANDA ABREU - 3 músicas (=)
52º HERBERT VIANNA - 3 músicas (=)
53º IVAN LINS - 3 músicas (=)
54º JORGE VERCILO - 3 músicas (=)
55º LULU SANTOS - 3 músicas (=)
56ª MONICA SALMASO - 3 músicas (=)
57º O RAPPA - 3 músicas (=)
58º PATO FU - 3 músicas (=)
59ª RITA RIBEIRO - 3 músicas (=)
60º TOM JOBIM – 3 músicas (=)
61º MEMÓRIA INFANTIL: TREM DA ALEGRIA - 3 músicas (=)
62º ADONIRAN BARBOSA – 2 músicas (=)
63ª ALZIRA ESPÍNDOLA - 2 músicas (=)
64ª ANA CAÑAS – 2 músicas (=)
65º ARNALDO ANTUNES - 2 músicas (=)
66º BARÃO VERMELHO - 2 músicas (=)
67ª BELLÔ VELOSO - 2 músicas (=)
68º CAPITAL INICIAL - 2 músicas (=)
69º CARLINHOS BROWN – 2 músicas (=)
70º CARLOS MOURA – 2 músicas (=)
71º CHICO SCIENCE & NAÇÃO ZUMBI - 2 músicas (=)
72º ED MOTTA - 2 músicas (=)
73ª ELIZETH CARDOSO – 2 músicas (=)
74ª ELZA SOARES - 2 músicas (=)
75ª FAFÁ DE BELÉM – 2 músicas (=)
76ª FERNANDA PORTO - 1 música (=)
77ª FERNANDA TAKAI - 2 músicas (=)
78º ITAMAR ASSUMPÇÃO - 2 músicas (=)
79º JAY VAQUER – 2 músicas (=)
80º JORGE BEN - 2 músicas (=)
81ª INTERNACIONAL CONVIDADA: JULIETA VENEGAS - 2 músicas (=)
82ª KÁTIA B - 2 músicas (=)
83º KID ABELHA - 2 músicas (=)
84ª LEILA PINHEIRO - 2 músicas (=)
85ª CANTRIZ: LETÍCIA SABATELLA - 2 músicas (=)
86º LOS HERMANOS - 2 músicas (=)
87ª CANTRIZ: LUCINHA LINS - 2 músicas (=)
88ª MARIA RITA - 2 músicas (=)
89ª MARIANA AYDAR – 2 músicas (=)
90ª INTERNACIONAL CONVIDADA: MERCEDES SOSA – 2 músicas (=)
91º MORAES MOREIRA – 2 músicas (=)
92º OSWALDO MONTENEGRO - 2 músicas (=)
93ª PATRICIA MARX - 1 música (=)
94º PEDRO LUIS E A PAREDE - 2 músicas (=)
95ª PITTY - 2 músicas (=)
96º SECOS & MOLHADOS - 2 músicas (=)
97ª SELMA REIS - 2 músicas (=)
98º TOM ZÉ - 2 músicas (=)
99º VEGA - 2 músicas (=)
100ª VERÔNICA SABINO - 2 músicas (=)
101º WADO – 2 músicas (=)
102ª ZIZI POSSI – 2 músicas (=)
103º 14 BIS – 1 música (=)
104ª ALICE RUIZ - 1 música (=)
105ª ANELIS ASSUMPÇÃO - 1 música (=)
106ª ÂNGELA MARIA – 1 música (=)
107ª ANGELA RO RO - 1 música (=)
108º ANTONIO CARLOS NÓBREGA - 1 música (=)
109ª AS CHICAS – 1 música (=)
110º MEMÓRIA INFANTIL: AQUARIOUS - 1 música (=)
111ª BANDA REFLEXU’S – 1 música (=)
112º BANDA VEXAME – 1 música (=)
113ª BARBARA EUGÊNIA – 1 música (=)
114ª BEATRIZ AZEVEDO – 1 música (=)
115ª BETH CARVALHO - 1 música (=)
116ª BEBEL GILBERTO - 1 música (=)
117ª BIQUINI CAVADÃO - 1 música (=)
118ª CARMEM MIRANDA - 1 música (=)
119º MEMÓRIA INFANTIL: CICLONE - 1 música (=)
120º CIDADE NEGRA - 1 música (=)
121º CLAUDIO NUCCI - 1 música (=)
122º COMADRE FLORZINHA – 1 música(=)
123º CORDEL DO FOGO ENCANTADO - 1 música (=)
124ª DANNI CARLOS - 1 música (=)
125ª DALVA DE OLIVEIRA – 1 música(=)
126ª DAÚDE – 1 música (=)
127º DEMÔNIOS DA GAROA – 1 música (=)
128º DIOGO NOGUEIRA – 1 música (=)
129º DOMINGUINHOS - 1 música (=)
130ª INTERNACIONAL CONVIDADA: DULCE PONTES - 1 música (=)
131º EDU LOBO - 1 música (=)
132º EMÍLIO SANTIAGO – 1 música(=)
133º ERASMO CARLOS - 1 música (=)
134ª FERNANDA GUIMARÃES - 1 música (=)
135º FRED MARTINS - 1 música (=)
136º GABRIEL PENSADOR - 1 música (=)
137º GERALDO AZEVEDO - 1 música (=)
138º GERALDO VANDRÉ - 1 música (=)
139ª HELENA ELIS - 1 música (=)
140º HERÓIS DA RESISTÊNCIA – 1 música (=)
141º IRA – 1 música (=)
142ª ISABELLA TAVIANI - 1 música (=)
143ª JANE DUBOC – 1 música (=)
144º JESSÉ -1 música (=)
145ª JOVELINA PÉROLA NEGRA – 1 música (=)
146º JOÃO GILBERTO – 1 música (=)
147º JOÃO NOGUEIRA – 1 música (=)
148º KARINA BUHR – 1 música (=)
149ª LEILA MARIA - 1 música (=)
150º LOBÃO - 1 música (=)
151ª LUCIANA MELLO - 1 música (=)
152º LUDOV – 1 música (=)
153ª LUISA MAITA – 1 música (=)
154º LUPICÍNIO RODRIGUES – 1 música (=)
155º INTERNACIONAL CONVIDADO: MADREDEUS - 1 música (=)
156ª MARIA GADU – 1 música (=)
157ª MARTINÁLIA - 1 música (=)
158ª MAYSA - 1 música (=)
159º METRÔ – 1 música (=)
160º MILTON CARLOS – 1 música (=)
161º MIÚCHA – 1 música (=)
162º MOINHO - 1 música (=)
163º MOTO PERPÉTUO – 1 música (=)
164º MOPHO – 1 música (=)
165ª NA OZETTI - 1 música (=)
166º NASI - 1 música (=)
167º NILA BRANCO - 1 música (=)
168º INTERNACIONAL CONVIDADO: NUNO MINDELLIS - 1 música (=)
169º MEMÓRIA INFANTIL: OS TRAPALHÕES – 1 música(=)
170º OTTO – 1 música (=)
171ª PAULA FERNANDES - 1 música (=)
172ª PAULA LIMA - 1 música (=)
173º PAULINHO DA VIOLA - 1 música (=)
174º PEDRO MARIANO – 1 música (=)
175º RAIMUNDO FAGNER – 1 música (=)
176ª RENATA ARRUDA - 1 música (=)
177º RENATO RUSSO – 1 música (=)
178º RENATO TEIXEIRA – 1 música (=)
179º SEU JORGE – 1 música (=)
180ª TAMY – 1 música (=)
181ª TIÊ – 1 música (=)
182º TIM MAIA - 1 música (=)
183° TITÃS – 1 música (=)
184º TRIO VIRGULINO - 1 música (=)
185ª TULIPA RUIZ – 1 música (=)
186º MEMÓRIA INFANTIL: TURMA DA MÔNICA - 1 música (=)
187º VANDER LEE - 1 música (=)
188ª VANGE LEONEL – 1 música (=)
189ª VANIA BASTOS - 1 música (=)
190ª INTERNACIONAL CONVIDADA: VIOLETA PARRA – 1 música (=)
191ª WANDERLÉA - 1 música (=)
192º INTERNACIONAL CONVIDADO: ZUCO 103 - 1 música (=)
193º ZÉ RENATO – 1 música (=)


TH - When it's cold outside, I've got the month of May

segunda-feira, 30 de maio de 2011

ÚLTIMA FAIXA: Viva a nossa sociedade alternativa! (Crônica)


"Sociedade alternativa, sociedade novo aeon. É um sapato em cada pé, é direito de ser ateu, ou de ter fé, ter prato entupido de comida que você mais gosta. É ser carregado, ou carregar gente nas costas, direito de ter riso de prazer, e até direito de deixar Jesus sofrer"

Rauuul


Tava aqui pensando na tal "sociedade alternativa".
Todos sabemos que é, na verdade, uma utopia criada na década de 70 por Raul e o outro mago parceiro (e inimigo íntimo) seu, Paulo Coelho. Jamais foi realizada (e entendida na sua plenitude) até hoje.
Raul foi deveras influenciado ideologicamente pelo escritor ocultista britânico Aleister Crowley, de onde tirou certamente a maior parte de suas "viagens musicais", presentes em suas letras fortes e de efeito. Mas Kika Seixas, sua ex-mulher, ratifica a escassez teórica da filosofia, garantindo que há muito mais de sonhos do artista e dos fãs do que realidade propriamente dita. Ele dizia que não iria criar regras para a tal sociedade, pois seria contraditório com sua premissa "Faze o que tu queres há de ser tudo da Lei".
Muita viagem? Então por que não embarcamos todos, nós, para uma realidade que também seja só nossa, com nossas regras (ou falta de) e com um mundinho recheado de tudo o que queremos e admiramos? Precisaríamos escolher um filósofo ou escritor de nosso agrado (Clarice está disponível?) e embarcarmos com o poder de nossa imaginação, seja no trem das sete, no disco voador ou no Metrô linha 743.
Brincadeiras à parte, a potência e força que Raul exerce até hoje mostra que o mestre é querido até em seus desvaneios. Isso se deve, acredito, ao fato de tudo "ter que fazer sentido" em sua concepção. Independente de suas ideias, por muitos consideradas satanistas ou obscuras, estava ali um homem que sabia verbalizar bem aquilo que poucos conseguem. Mago? Pode ser, mas acredito que a palavra "mágico" seria bem mais oportuna pra representá-lo.
Respeito bastante as pessoas que criam universos imaginários, que cogitam até a criação de uma sociedade paralela. E mais ainda aqueles que fazem com um certo propósito, como fez Raul. Propósitos estes que são objetos de análise e estudo até hoje. Além, claro, de serem alvo de cultuação do número cada vez maior de fãs.

Viva...viva...viva a nossa sociedade alternativa!



THIAGO HENRICK





sábado, 28 de maio de 2011

O BAÚ DO ENTHULHO (E DOS COLEGAS!)


E, nesse Maio de 2011 (com Raul Seixas como o artista do mês), o EnTHulho Musical conta com excelentes parcerias da blogsfera e traz para vocês dois presentes: duas coletâneas com gravações especialíssimas de nossos maiores intérpretes da música popular brasileira para os hinos dos magos.

Abaixo, a lista das músicas e o link para baixá-las!


1ª SELEÇÃO: RAUL SEIXAS POR ELAS E POR ELES (Autoria: Carlos Almeida, do blog "Minhas Raridades Musicais")




01. Ouro de Tolo (Raul Seixas) - Caetano Veloso
02. S.O.S. (Raul Seixas) - Elba Ramalho
03. Planos de Papel (Raul Seixas) - Alcione
04. Como Vovó Já Dizia (Raul Seixas/Paulo Coelho) - Alceu Valença
05. Prelúdio (Raul Seixas) - Zé Ramalho
06. Metamorfose Ambulante (Raul Seixas) - Ney Matogrosso
07. Jamais Estive Tão Segura de Mim Mesma (Rauzito) - Rita Ribeiro
08. Água Viva (Raul Seixas/Paulo Coelho) - Osvaldo Montenegro
09. A Maçã (Raul Seixas/Paulo Coelho/Marcelo Motta) - Simone
10. Para Nóia (Raul Seixas) - Edson Cordeiro
11. Gita (Raul Seixas/Paulo Coelho) - Rita Lee
12. Eu Nasci Há 10 Mil Anos Atrás (R. Seixas/P. Coelho) - Eduardo Dusek
13. Cowboy Fora da Lei (Raul Seixas/Claudio Roberto) - Léo Oliveira
14. Al Capone (Raul Seixas/Paulo Coelho) - O Terço
15. O Trem das Sete (Raul Seixas) - Zé Ramalho
16. No Fundo do Quintal da Escola (R. Seixas/C. Roberto) - Barão Vermelho
17. Mosca na Sopa (Raul Seixas) - Elba Ramalho e Margareth Menezes
18. Maluco Beleza (Raul Seixas/Claudio Roberto) - Caetano Veloso
19. Mata Virgem (Raul Seixas/Tânia Menna Barreto) - Ney Matogrosso
20. Sessão das Dez (Raul Seixas) - Edy Star
21. Tente Outra Vez (R. Seixas/P. Coelho/Marcelo Motta) - Sandra de Sá
22. Cachorro Urubu (Raul Seixas/Paulo Coelho) - Zé Geraldo
23. Sociedade Alternativa (R. Seixas/P. Coelho) - Vanguart, Lobão, Ana Luisa
24. Capim Guiné (Raul Seixas/Wilson Aragão) - Tânia Alves

Faixa bônus:
25. Medo da Chuva (Raul Seixas/Paulo Coelho) - Jussara Silveira

Baixe aqui!



2ª SELEÇÃO: TOCA RAUL! (Por Jardel Ther, do blog "MPB-Ê-MOS-NOS")



01 A maçã (Raul Seixas e Paulo Coelho) – Deborah Blando
02 Gîtâ (Raul Seixas e Paulo Coelho) – Maria Bethania (ao vivo)
03 Metrô linha 743 (Raul Seixas) – Cássia Eller
04 Aluga-se (Raul Seixas e Claúdio Roberto) – Titãs (ao vivo)
05 O trem das 7 (Raul Seixas) – Adriana Calcanhotto
06 Eu nasci há 10.000 anos atrás (Raul Seixas e Paulo Coelho) – Nando Reis
07 O carimbador maluco (Plunct, Plact, Zoom) (Raul Seixas) – Biquíni Cavadão
08 Medo da chuva (Raul Seixas e Paulo Coelho) – Isabella Tavianni (ao vivo)
09 Mata virgem (Raul Seixas e Tânia Mena Barreto) – Ney Matogrosso
10 Tente outra vez (Raul Seixas, Paulo Coelho e Marcelo Motta) – Shirley Carvalho (ao vivo)
11 Ouro de tolo (Raul Seixas) – Zé Ramalho
12 Metamorfose ambulante (Raul Seixas) – Zélia Duncan (ao vivo)
13 Bruxa amarela (Raul Seixas e Paulo Coelho) – Rita Lee
14 Prelúdio (Raul Seixas) – Simone
15 Mosca na sopa (Raul Seixas) – Monobloco
16 Cavalos calados (Raul Seixas) – Cazuza
17 Maluco beleza (Raul Seixas) – Lenine


Baixe aqui!



TH - Valeu, rapazes!

quinta-feira, 26 de maio de 2011

MORRE O ÍDOLO, NASCE O MITO



[Crônica da jornalista Cinthia Demaria*¹.]

[Blog da autora do texto: http://damorteaomito.blogspot.com/ ]


Alguns leitores pediram e aqui está o texto do eterno Raulzito, um dos pioneiros da história do rock no Brasil. Não só pela sua voz marcante, o cantor conquistou milhares de fãs pelas suas composições inteligentes e provocadoras à submissão da política e de seus seguidores ao “sistema”.
Irreverência também foi outro marco na carreira de Raul, que foi apontado em uma sociedade conservadora, como bruxo pelas suas letras e “viagens conscientes”, que ele assumiu ter para alcançar inspiração para compor. Isso sem contar a implementação da “Sociedade Alternativa”, que era reforçada em versos como “Se eu quero e você quer/ Tomar banho de chapéu ou esperar Papai Noel/ Faça o que tu queres, pois é tudo dentro da lei”.
Sua obra musical é composta de 21 discos lançados em seus 26 anos de carreira e seu estilo musical é tradicionalmente classificado como rock e baião. O álbum de estreia, Raulzito e os Panteras (1968), foi produzido quando ele integrava o grupo Os Panteras, mas só ganhou notoriedade crítica e de público com as músicas de Krig-Ha, Bandolo! (1973), como "Ouro de Tolo", "Mosca na Sopa", "Metamorfose Ambulante". Raul Seixas adquiriu um estilo musical que o creditou de "contestador e místico", e isso se deve aos ideais que vindicou, como a Sociedade Alternativa apresentada em Gita (1974), influenciado por figuras como Aleister Crowley.
Raul se interessava por filosofia (principalmente metafísica e ontologia), psicologia, história, literatura e latim e algumas crenças dessas correntes foram muito aproveitadas em sua obra, que possuía uma recepção boa ou de curiosidade por conta disso. Ele conseguiu gozar de uma audiência relativamente alta durante sua vida, e mesmo nos anos 80 continuou produzindo álbuns que venderam bem, como Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Béin-Bum! (1987) e A Panela do Diabo (1989).
Raul Seixas morreu no dia 22 de agosto de 1989, vítima de uma parada cardíaca: seu alcoolismo, agravado pelo fato de ser diabético, e por não ter tomado insulina na noite anterior, causaram-lhe uma pancreatite aguda fulminante. Como não poderia deixar de ser, o ídolo tornou-se mito por toda eternidade entre fãs dos anos 80, até a nova geração, que conhece a história do rock do Brasil, e logo se identifica com a personalidade de Raul.
A obra musical de Raul Seixas tem aumentado continuamente, na medida em que seus discos continuam a ser vendidos, tornando-o um símbolo do rock do país e um dos artistas mais cultuados e queridos entre os fãs nos últimos quarenta anos.
Depois de sua morte, Raul permaneceu entre as paradas de sucesso. Foram produzidos vários álbuns póstumos, como O Baú do Raul (1992), Raul Vivo (1993 - Eldorado), Se o Rádio não Toca... (1994 - Eldorado) e Documento (1998). Inúmeras coletâneas também foram lançadas, como Os Grandes Sucessos de Raul Seixas de (1993), a grande maioria sem novidades, mas algumas com músicas inéditas como As Profecias (com uma versão ao vivo de "Rock das Aranhas") de 1991 e Anarkilópolis (com "Cowboy Fora da Lei Nº2") de 2003. Sua penúltima mulher, Kika, já produziu um livro do cantor (O Baú do Raul), baseado em escritos dos diários de Raul Seixas desde os seis anos de idade até a sua morte. E pelo que tudo indica, a série de homenagens ao cantor não vão terminar tão cedo.

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*¹ É jornalista de Belo Horizonte, MG. Especialista em Imagens e culturas midiáticas. Interessada por estudos da mídia, cultura, cinema, biopics, mídia digital, jornalismo.
*² O texto foi feito inicialmente para seu ótimo blog, e gentilmente concedido para ser publicado aqui no EnTHulho Musical. Muitíssimo obrigado!



Abaixo, uma das melhores letras no mago - aproveitando o ensejo do dia em que o mundo deveria terminar... (21/05)



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O DIA EM QUE A TERRA PAROU
Composição : Cláudio Roberto / Raul Seixas


Essa noite eu tive um sonho
de sonhador
Maluco que sou, eu sonhei
Com o dia em que a Terra parou
com o dia em que a Terra parou

Foi assim
No dia em que todas as pessoas
Do planeta inteiro
Resolveram que ninguém ia sair de casa
Como que se fosse combinado em todo
o planeta
Naquele dia, ninguém saiu saiu de casa, ninguém

O empregado não saiu pro seu trabalho
Pois sabia que o patrão também não tava lá
Dona de casa não saiu pra comprar pão
Pois sabia que o padeiro também não tava lá
E o guarda não saiu para prender
Pois sabia que o ladrão, também não tava lá
e o ladrão não saiu para roubar
Pois sabia que não ia ter onde gastar

No dia em que a Terra parou (Êêê)
No dia em que a Terra parou (Ôôô)
No dia em que a Terra parou (Ôôô)
No dia em que a Terra parou

E nas Igrejas nem um sino a badalar
Pois sabiam que os fiéis também não tavam lá
E os fiéis não saíram pra rezar
Pois sabiam que o padre também não tava lá
E o aluno não saiu para estudar
Pois sabia o professor também não tava lá
E o professor não saiu pra lecionar
Pois sabia que não tinha mais nada pra ensinar

No dia em que a Terra parou (Ôôôô)
No dia em que a Terra parou (Ôôô)
No dia em que a Terra parou (Uuu)
No dia em que a Terra parou

O comandante não saiu para o quartel
Pois sabia que o soldado também não tava lá
E o soldado não saiu pra ir pra guerra
Pois sabia que o inimigo também não tava lá
E o paciente não saiu pra se tratar
Pois sabia que o doutor também não tava lá
E o doutor não saiu pra medicar
Pois sabia que não tinha mais doença pra curar

No dia em que a Terra parou (Oh Yeeeah)
No dia em que a Terra parou (Foi tudo)
No dia em que a Terra parou (Ôôôô)
No dia em que a Terra parou

Essa noite eu tive um sonho de sonhador
Maluco que sou, acordei

No dia em que a Terra parou (Oh Yeeeah)
No dia em que a Terra parou (Ôôô)
No dia em que a Terra parou (Eu acordei)
No dia em que a Terra parou (Acordei)
No dia em que a Terra parou (Justamente)
No dia em que a Terra parou (Eu não sonhei acordado)
No dia em que a Terra parou (Êêêêêêêêê...)
No dia em que a Terra parou (No dia em que a terra parou)


TH - Esperemos a próxima profecia...


sábado, 14 de maio de 2011

TOCA RAULLLL!!


Fã do mago, a amiga Lucilany Albergaria Lanna, ou melhor, Lou Albergaria, dá seu excelente depoimento sobre ele.


“Meu nome é Raul e eu acho ele forte; um som de um rugido num início de um uivo de um lobo no final.”

Raulzito


Certa vez, seguindo as ondas ERRÁTICAS e sonoras do indefinível e intertextual Marcio Nicolau, acabei chegando a este espaço comandado pelo Thiago Henrick e a primeira coisa que notei, na verdade, não vi, por isso notei, foi a falta do eterno Raulzito ou Raul Seixas.
A primeira coisa que me ocorreu foi pensar que o TH tem algo contra o ‘Maluco Beleza’, talvez por acreditar como a maioria das pessoas que engolem tudo que a mídia lhes enfia goela abaixo, que Raul foi tão somente o roqueiro desbundado e doidão dos anos 1960 e 70. Mas, para meu alívio, o TH não comunga dessa ideia. Simplesmente, foi uma falta de oportunidade ter mencionado Raul em sua entrevista para Marcio Nicolau ou mesmo apresentar posts dedicados a esse grande artista.
Devido a minha reclamação, eis-me aqui, pois, com esta cascuda e honrada tarefa de escrever sobre Raul Seixas.
Confesso que até bem pouco tempo só conhecia o lado pitoresco e midiático do Raul. Foi preciso que um garoto de 21 anos e estudante de Filosofia, ano passado, literalmente começasse a me aplicar Raul Seixas na veia, como deve ser e sem medo da rebordosa.
E foi o que esse Menino fez. Logo de cara deixou um scrap pra mim no Orkut:

“Tem gente que passa a vida inteira Travando a inútil luta com os galhos Sem saber que é lá no tronco Que está o coringa do baralho”

Não preciso nem dizer que chapei, né. E ele nem se dignou a colocar o nome do autor dessa estrofe, pois no auge de seu conhecimento e juventude, imaginou que eu já estaria careca de saber que se tratava de uma canção do Raul. Mas eu não sabia. Então, diante de minha ignorância (ou como diria Manoel de Barros, IGNORÃÇA), ele – esse estudante de filosofia e músico guitarrista – começou a me contar fatos da vida do Raul, como por exemplo, da época em que frequentava a faculdade em Salvador, mesmo estando matriculado em outro curso, preferia frequentar as aulas de Filosofia. E também começou a me passar mais letras de canções e poemas escritos por Raulzito. À medida que lia e começava a conhecer o universo do NOVO AEON, mais me deliciava e me surpreendia com esse universo onírico e visionário do Raul, sem a conotação depreciativa para visionário, por favor. Visionário no sentido de muito à frente de seu tempo e de sua história, mas sempre com muita lucidez e argumentos consistentes. Bom, claro que uma lucidez acionada por psicotrópicos que ninguém é de ferro, valha-me Deus!
Raul já falava em ecologia e Mundo sustentável muito antes de Al Gore sequer imaginar escrever UMA VERDADE INCONVENIENTE. Ele também defendia com ímpetos felinos as liberdades individuais e a busca por uma construção psíquica do ser que levasse em consideração a harmonia e o respeito mútuo, bem como às demais espécies do planeta.
Também foi um cara que fundamentou muitas de suas crenças e pensamentos na filosofia oriental, sobretudo no Bhagavad-Gita – um texto religioso hindu que faz parte do Mahabharata, a “bíblia” oriental para simplificar bastante seu conceito.
Então, falar de Raul não é nada fácil, pois foi um homem/artista/filósofo/cético/entidade que enxergava o que quase ninguém conseguia. Sua obra foi toda assentada em insights – iluminações do espírito – e epifanias. Além disso, propôs a criação de uma SOCIEDADE ALTERNATIVA em que deveriam prevalecer a plena liberdade de costumes e comportamentos.
Falar de Raulzito, é falar de um ser de luz que enxergava evidências do conhecimento. Isso é bastante árduo, pois nem seus biógrafos oficiais conseguem chegar a um denominador comum. Ano passado, o professor de filosofia pós-graduado, Vítor Cei, lançou o livro NOVO AEON: Raul Seixas no torvelinho de seu tempo, que aborda a concepção de Novo Aeon apresentada por Raul em suas músicas.
O Novo Aeon, de uma forma bem ampla, apenas para situar os leitores, assemelha-se à ideia e concepção da ERA DE AQUÁRIO – o momento astrológico em que reinaria uma aura de maior liberdade, harmonia, equilíbrio nas relações humanas e afetivas. (Bem, a grosso modo mesmo, pois falar da Era de Aquário é quase uma dissertação de mestrado. Resumi assustadoramente.)
A tentativa de se fazer sua biografia se deu com O baú do Raul de Sílvio Essinger – lançado em 1992, após sua morte que ocorreu em 1989. E teve sua continuação com O baú do Raul Revirado, lançado em 2005.
Poderia citar dezenas de canções do Raul que são verdadeiros hinos de profecias, como Gita, Ouro de Tolo, O dia em que a terra parou, Trem das 7 – considerada por muitos como a mais visionária de todas, pois narra cenas de um possível ‘apocalipse’ -. Mas é também em Ouro de Tolo que dispara essa máxima:

“No cume calmo Do meu olho que vê Assenta a sombra sonora De um disco voador...”

Entretanto, a canção de que mais gosto é AS AVENTURAS DE RAUL SEIXAS NA CIDADE DE THOR, por descrever o nosso sistema capitalista globalizado em que o homem acaba vítima do próprio mecanismo criado. A letra é simplesmente uma descrição bastante realista das limitações que nosso sistema de produção impõe às sociedades e aos seres humanos, tolhendo sua afetividade e liberdade de expressão em seu próprio Mundo. O Ser tão espetacularmente cerebral e desenvolvido à mercê de um simples “palito de dentes” que pode fazer toda a engrenagem ruir, juntamente com seu arcabouço tecnológico tão avançado e, ao mesmo tempo, tão frágil que não consegue elucidar as agruras relativas à essência humana. As grandes questões de vida e morte que sempre comprimem o ser e tolhem sua felicidade.
Como me disse o jovem estudante de filosofia – Patric Mendes - que me aplicou Raul sem dó, nem piedade e por isso também estou aguardando o NOVO AEON:

“Eu já te disse! O coringa não ergue bandeiras a não ser a sua própria! Ele está no jogo dos ratos, não tem opiniões formadas sobre o tudo! Não interessa se está entre copas, paus, espadas ou ouros! Sem regras ou com regras, no meio de ás ou reis, tanto faz! Pois ele sabe que está sozinho nesse mundo hipócrita!"

Por isso, idolatro, sim, o grande Raul! Ele foi o maior coringa que eu já conheci! Aprendi muito, mas muito mais com ele do que qualquer outro filósofo desse mundo! E ainda tenho muito que aprender o que não se pode ensinar! Raul será para mim um eterno professor, e eu quero ser um eterno aprendiz, mas eu sei que também sou um mestre de mim mesmo! Muitos ouvem, poucos entendem!”

TH, TOCA RAULLLLLLLLLLLLLLL!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Poderia ficar quilômetros de páginas narrando, analisando e tentando compreender cada signo de linguagem proferido pelo Mestre Raulzito, mas o post ficaria interminável. Por um lado, isso é ótimo, sinal de que há muito mais coisas entre o céu e a terra que podemos supor, mas por outro, somos obrigados a reconhecer toda nossa fragilidade e limitação humanas para tal compreensão; se é que essa compreensão algum dia poderá ocorrer.



Beijão, TH!!!!
Obrigada por essa oportunidade única de tirar o véu do mito e torná-lo ainda maior!
Lou

Em tempo: qualquer semelhança dessa letra abaixo com os últimos acontecimentos nas encostas do Rio de Janeiro e no Japão não são meras coincidências, pois coincidências não existem...


Não deixem de conferir o trabalho da autora do texto no blog "Loba de Rayban", e também sua obra literária "O Cogumelo que nasce da bosta da vaca profana" (foto ao lado). É o EnTHulho Musical, cada vez mais melhorando na escolha de seus convidados, sempre gente de qualidade e deixando relatos emocionantes, como foi o da querida Lou! Fiquem agora com a música escolhida como preferida da moça!





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AS AVENTURAS DE RAUL SEIXAS NA CIDADE DE THOR

Tá rebocado meu compadre
Como os donos do mundo piraram
Eles já são carrascos e vítimas
Do próprio mecanismo que criaram

O monstro SIST é retado
E tá doido pra transar comigo
E sempre que você dorme de touca
Ele fatura em cima do inimigo

A arapuca está armada
E não adianta de fora protestar
Quando se quer entrar
Num buraco de rato
De rato você tem que transar

Buliram muito com o planeta
E o planeta como um cachorro eu vejo
Se ele já não aguenta mais as pulgas
Se livra delas num sacolejo
Hoje a gente já nem sabe
De que lado estão certos cabeludos
Tipo estereotipado
Se é da direita ou dá traseira
Não se sabe mais lá de que lado

Eu que sou vivo pra cachorro
No que eu estou longe eu tô perto
Se eu não estiver com Deus, meu filho
Eu estou sempre aqui com o olho aberto

A civilização se tornou complicada
Que ficou tão frágil como um computador
Que se uma criança descobrir
O calcanhar de Aquiles
Com um só palito pára o motor

Tem gente que passa a vida inteira
Travando a inútil luta com os galhos
Sem saber que é lá no tronco
Que está o coringa do baralho

Quando eu compus fiz Ouro de Tolo
Uns imbecis me chamaram de profeta do apocalipse
Mas eles só vão entender o que eu falei
No esperado dia do eclipse

Acredite que eu não tenho nada a ver
Com a linha evolutiva da Música Popular Brasileira
A única linha que eu conheça
É a linha de empinar uma bandeira

Eu já passei por todas as religiões
Filosofias, políticas e lutas
Aos 11 anos de idade eu já desconfiava
Da verdade absoluta

Raul Seixas e Raulzito
Sempre foram o mesmo homem
Mas pra aprender o jogo dos ratos
Transou com Deus e com o lobisomem



TH - Mago!





domingo, 8 de maio de 2011

ARTISTA DO MÊS: RAUL SEIXAS!

Chegou atrasado no trem das 7. Apressou-se num disco voador, e cá está!


Alguém aqui, como eu, já se imaginou encontrando Raul Seixas num bar?
Minha imaginação aguça sempre essa hipótese. Diante de tudo o que sei sobre o mestre - sua "simplicidade excêntrica" como pessoa e vocação pra "desagradar" o sistema, seja pelas críticas de seus versos ou até pelo seu jeito de vestir, eu sempre idealizei o Raul como um companheiro desses de bar, com quem sempre valerá a pena tomar umas cervejas e trocar idéias inteligentes e proveitosas. Afinal, é assim que eu enxergo os grandes mestres: pessoas que não ostentam a grandiosidade e são bem mais humanas do que se imagina...
Mestres em bares existem aos montes. E "famosos disfarçados de mortais" mais ainda! Sempre pensei no Raul como um professor de faculdade que, ao término da aula, sai com seus alunos para o barzinho e c(a)ontava histórias emblemáticas sobre o sistema, a sociedade e a alma humana.
Dono de um legado músical extraordinário e considerados por muitos o "pai do rock brasileiro", Raul é muito mais do que lhe adjetivam. Trouxe, além de composições marcantes, uma importantíssima reflexão para a sociedade da época - especificadamente para os fãs de boa música nas décadas de 70 e 80. E, como não poderia deixar de ser, também causou reações adversas e foi, em dado momento, taxado de "bruxo maldito". Muita gente se assustava com a figura do Raul, quando aparecia na tevê dando seu recado e também diante de todas as histórias que rondeavam sua carreira (pacto com diabo? mensagens subliminares maquiavélicas em suas músicas? será tudo verdade???). Mas o principal está eternizado - é incrível e maravilhosa a força que o cara teve, e até hoje sua obra é reverenciada com louvor não apenas pelos contemporâneos de seu auge, mas também pelos mais novos e curiosos.
Voltando ao bar, se me deparasse com ele, sem pestanejar diria; "Pô, o mundo não é mais o mesmo. A sociedade não tem sequer a capacidade de imaginar-se alternativa. Você fez história, velho. Volta pra cá. Ou canta pra subir!"

O EnTHulho Musical, com o maior prazer, irá tocar MUITO Raul esse mês! Viva...viva...viva a sociedade alternativa!



Biografia resumida:

Raul dos Santos Seixas nasceu em Salvador, Bahia, em 28 de junho de 1945, filho de Raul Varella Seixas e Maria Eugênia Seixas. Filho da mesma região e geração que Gilberto Gil, Caetano Veloso, Maria Bethânia e Gal Costa entre tantos outros que definiram o movimento chamado Tropicália, Raul teve ao contrário destes em sua infância maior contato e assimilação do rock and roll em virtude de ser vizinho e amigo de filhos de famílias americanas que trabalhavam para o consulado americano na Bahia. Tornou-se logo fã ardoroso de Elvis Presley, fundando aos 14 anos um fã-clube brasileiro do cantor (Elvis Rock Club). Engana-se porém quem pensa que Raul renegou a cultura brasileira adotando o rock and roll; odiava a bossa nova, mas acrescentou ao seu rock elementos de música nordestina como o baião, xaxado, música brega. Aluno relapso (repetiu várias vezes a segunda série ginasial) apesar de muito inteligente e leitor voraz, rapidamente se cansa da escola decidindo pela profissionalização como músico. Em 1962 em meio ao movimento bossa nova que explodia no Brasil, Raul monta sua primeira banda, Os Relâmpagos do Rock, que mais tarde teria seu nome mudado para The Panthers e finalmente Raulzito e os Panteras. Pela formação do grupo passaram entre outros além de Raul (vocal e guitarra), Thildo Gama, Perinho (guitarra), Mariano Lanat (baixo), Carleba (bateria). Logo abandona a faculdade de direito. Gravam um compacto que seria distribuido para rádios com duas músicas (sendo uma versão de Elvis Presley). Apresentam-se em clubes e algumas vezes em rádio e TV. Começam a formar fama como expressão local do movimento Jovem Guarda da época (liderado por Roberto Carlos, Jerry Adriani, Erasmo Carlos, Wanderléa, etc, por sua vez versões brasileiras do sucesso dos Beatles). Com o apoio de Jerry Adriani sai em turnê pelo Brasil com os Panteras (abrindo os shows do primeiro) e grava em 1968 o seu primeiro LP, auto entitulado. Não alcançando nenhuma repercussão a nível nacional Raul volta para Salvador possivelmente pretendendo abandonar a música. Sairia da Bahia novamente para tentar carreira de produtor na CBS onde produziria e comporia para Jerry Adriani, Renato e Seus Blue Caps, Trio Ternura, Sérgio Sampaio, entre outros astros da época. Perderia este emprego por produzir e gastar dinheiro sem conhecimento dos seus superiores na prensagem de seu segundo LP, Sociedade da Grã Ordem Kavernista Apresenta Sessão das Dez. Em 1972 alcançou a tão desejada repercussão nacional classificando duas músicas no Festival Internacionl da Canção, evento de grande repercussão montado anualmente pela Rede Globo, um concurso de músicas. Raul participou com Let Me Sing Let Me Sing (que chegaria às finais) e Eu Sou Eu Nicuri é o Diabo. A boa aceitação lhe valeu seu primeiro contrato com uma gravadora, a Philips Phonogram. Lançou um compacto de Let Me Sing Let Me Sing e o LP coletânea de covers 24 Maiores Sucessos da Era do Rock (que nem mesmo traz o nome de Raul, sendo lançado sobre o nome de uma banda Rock Generation). O segundo compacto, Ouro de Tolo, foi o seu primeiro grande sucesso. Em 1973 saiu o LP Krig-Ha Bandolo! apresentando as primeiras parcerias de Raul com o companheiro de estudos esotéricos Paulo Coelho. Começaram a formar em parceria o grupo Sociedade Alternativa, anarquista, baseado na doutrina de Aleister Crowley e também destinado a estudos esotéricos. Chegariam a pensar em construir em Minas Gerais a comunidade alternativa Cidade das Estrelas. O movimento foi porém considerado subversivo pelo governo militar. Raul (que aparentemente passou por sessões de tortura), Paulo e as respectivas esposas (Edith e Adalgisa) foram exilados nos estados unidos. Raul viria a conhecer durante o exílio alguns de seus ídolos, Elvis Presley, John Lennon e Jerry Lee Lewis. Voltaram ao Brasil em 1974 em meio ao sucesso do segundo LP, Gita, possivelmente o seu lançamento de maior vendagens e repercussão, ganhando discos de ouro e participando da trilha sonoras da novela O Rebu. A Philips chegou a relançar 24 Maiores Sucessos... sobre um novo nome, 20 Anos de Rock e dessa vez sobre o nome de Raul.

Seguiriam-se então LPs de grande repercussão, Novo Aeon, Há 10 Mil Anos Atrás (último em parceria com Paulo Coelho), Raul Rock Seixas, O Dia Em Que a Terra Parou. (capa do cabeçalho do
EnTHulho Musical esse mês). No início da década de 80, Raul Seixas começou a apresentar problemas de saúde em virtude de consumo exagerado de álcool. Não parou porém de lançar discos e projetos, Mata Virgem, Por Quem os Sinos Dobram, Abre-te Sésamo. Passou a sofrer de hepatite crônica em virtude da bebida e estava em um hiato de contratos e shows. Após a queda de vendagens nos últimos discos e um longo boicote de gravadoras, estourou novamente em 1978 com a música Carimbador Maluco do LP Raul Seixas, parte do especial infantil Plunct Plact Zumm da Rede Globo. Seguiram-se os discos Metrô Linha 743, Uah Bap Lu Bap La Bein Bum (com o que seria seu último grande hit, Cowboy Fora da Lei) e A Pedra do Gênesis (que deveria ser apenas parte de um projeto maior chamado Opus 666 que não chegou a ser lançado). Em 1988 Raul passou a compor, gravar e excursionar com o também baiano Marcelo Nova, vocalista da banda Camisa de Vênus (então em fase de extinção). Em 21 de Agosto de 1989, apenas dois dias após o lançamento de A Panela do Diabo, Raul Seixas morre de um ataque cardíaco em virtude de problemas causados pela bebida. Curiosamente após a sua morte tem o seu talento mais reconhecido do que nunca, arregimentando a cada dia mais seguidores, sendo lançados postumamente registros inéditos e coletâneas, todos sucessos de vendas. Em sua carreira foi pioneiro na mistura de todo tipo de influência musical ao rock and roll, passeando e acrescentado com desenvoltura e sem preconceitos ritmos nordestinos (Aventuras de Raul Seixas na Cidade de Thor), folk ao estilo Bob Dylan (Ouro de Tolo), música brega (Sessão das 10), umbanda (Mosca na Sopa). Em suas letras abordava com igual desenvoltura temas tão díspares quanto sentimentos humanos, críticas ao sistema, esoterismo e agnosticismo. A sua mensagem muitas vezes está implícita em letras que podem ser taxadas de bobas pelos menos perspicazes (vide a letra de Carimbador Maluco) e em outros momentos é pura poesia (como em Canção Para Minha Morte).



Foto de Raul nos tempos de crise: mais sucesso ainda depois de morto!


ABAIXO, A ÚLTIMA GRANDE ENTREVISTA DE RAUL SEIXAS, CONCEDIDA COM MARCELO NOVA A JÔ SOARES, EM 1989. VALE A PENA CONTEMPLÁ-LA, POIS RAUL FALA DE MANEIRA SINCERA E DIVERTIDA SOBRE DIVERSOS CAUSOS, SOBRETUDO SEU EXÍLIO DO PAÍS E ENCONTRO COM JOHN LENNON! AGRADECIMENTOS A OZIMAR CABRAL.







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TREM DAS SETE
Raul Seixas

Ói, ói o trem, vem surgindo de trás das montanhas azuis, olha o trem
Ói, ói o trem, vem trazendo de longe as cinzas do velho éon

Ói, já é vem, fumegando, apitando, chamando os que sabem do trem
Ói, é o trem, não precisa passagem nem mesmo bagagem no trem

Quem vai chorar, quem vai sorrir ?
Quem vai ficar, quem vai partir ?
Pois o trem está chegando, tá chegando na estação
É o trem das sete horas, é o último do sertão, do sertão

Ói, olhe o céu, já não é o mesmo céu que você conheceu, não é mais
Vê, ói que céu, é um céu carregado e rajado, suspenso no ar

Vê, é o sinal, é o sinal das trombetas, dos anjos e dos guardiões
Ói, lá vem Deus, deslizando no céu entre brumas de mil megatons

Ói, olhe o mal, vem de braços e abraços com o bem num romance astral


TH - Amem!



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