sexta-feira, 8 de outubro de 2010

MÚSICA COMUNITÁRIA

A banda prima por concretizar tudo aquilo que prega em suas letras


O Rappa, como a própria banda responde, não tem estilo definido. Hora soam reggae, noutra rock pauleira, mas é possível reconhecer ainda suas facetas samba, MPB, Hip Hop...
O que mais lhes credencia, contudo, é o forte discurso social. O engajamento, diferente dos políticos, não fica apenas no palanque. Desde os primórdios ele acontece, e isso é constatado quando se vê, por exemplo, quando os integrantes Yuka, Falcão, Lobato, Xandão e Lauro chegam à favela carioca do Vigário Geral. Não são recebidos como celebridades ou artistas soberbos. Eles são abordados para um papo normal, comum, um "trocar de ideias", para saber das novidades.
Artista engajado se torna chato e repetitivo quando soam 'políticos", cujas promessas ficam apenas na boca. Mas felizmente há exceções: Bono Vox é a mais conhecida delas no mundo, porém no Brasil quem detém esse título é o Rappa. Eles possuem inúmeros projetos sociais e tornam em atitude tudo aquilo que proliferam em suas letras. Há o compromisso, o bom senso, a preocupação bem maior do que rechear os bolsos com cachês de shows ou vendagens de discos. E projetos como inserção de menores e jovens no mundo da música - fazendo com que seus dotes artísticos apareçam e que façam sucesso com as "minas" por esbanjar esse talento, e nunca pelo lado bandidão e destemido de outrora, fazem mesmo os brasileiros se orgulharem!

"A receita é simples, dar uma chance pro lado bom surgir. Quando se vê de uma maneira positiva, a pessoa passa a acreditar mais nisso", defende o baterista Yuka.

Sobre os hits da banda, ninguém contesta. Até hoje eu me emociono ao rever o vídeo de "A Minha Alma" (a paz que eu não quero), um dos mais verdadeiros e tocantes relatos sociais num clipe. E nos álbuns também - a banda se supera a cada lançamento, e faz valer seu esforço com o reconhecimento da mídia e do público - eles sempre aparecem nos maiores veículos de comunicação e paradas musicais! Graças ao sucesso alcançado, puderam estender seus projetos a nível nacional. "Eu sou apenas um cara comum, quando estou nas comunidades. Aquele que as crianças vêem como alguém que está ali pra ajudar" orgulha-se Falcão.

Ironia de vida é que, apesar do trabalho conscientizador e esperançoso de seus integrantes, o baterista Marcelo Yuka foi vítima da violência carioca ao tentar socorrer uma mulher num assalto, em Novembro de 2001. Levou tiros que paralisaram seu corpo e lhe entrevaram numa cadeira de rodas. Deu, contudo, a volta por cima e retomou a carreira, além de ter criado um movimento que congrega juristas, acadêmicos e artistas para denunciar essa situação e foi recebido pelo relator da ONU, que investiga os excessos da polícia carioca. Yuka critica a criminalização da pobreza e lamenta um equivocado consenso da sociedade - o de que a violência urbana só pode ser resolvida pela força...Ele, entretanto, deixa a banda por outros motivos.


Logo abaixo, mais uma realidade nua e crua defendida num videoclipe quase épico. E saudações à mais engajada e completa banda brasileira!


Falcão, vocalista da banda. No centro, a discografia e, à direita, o grande crítico social e exemplo maior: Marcelo Yuka.




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O QUE SOBROU DO CÉU
O Rappa. Composição: Marcelo Yuka


Faltou luz mas era dia, o sol invadiu a sala
Fez da TV um espelho refletindo o que a gente esquecia
Faltou luz mas era dia... di-ia
Faltou luz mas era dia, dia, dia

O som das crianças brincando nas ruas
Como se fosse um quintal
A cerveja gelada na esquina
Como se espantasse o mal


O chá pra curar esta azia
Um bom chá pra curar esta azia
Todas as ciências de baixa tecnologia
Todas as cores escondidas nas nuvens da rotina


Pra gente ver... por entre prédios e nós...
Pra gente ver... o que sobrou do céu... o la lá



TH - Tiro o chapéu pra quem tem algo a dizer (e fazer)



7 comentários:

  1. É isso aí.A música sendo usada para o bem da comunidade.Sucesso com o Blog.

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  2. Admiro demais todo trabalho que o Marcelo Yuka realiza aqui no Rio. E mais ainda por ele não ter se rendido às novas propostas mais comerciais da banda e pulado fora dignamente e a tempo.
    Beijo

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  3. ai meu doce eu nao curto o estilo do rappa nao, mas democracia existe e vamos respeitar o talento alheio. kkkk bjocas

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  4. Acho O Rappa FOOOOOOOOOOODA!
    Uma banda com atitude, com personalidade!!
    Um dos melhores shows da minha vida foi um show deles^^

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  5. Gosto demais das re-leituras do Rappa, por intermédio das nossas intérpretes. As letras tem valiosíssimo conteúdo social e político, revestido em poesia. Adoro.

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  6. Meus filhos acham engraçado eu gostar do Rappa (acho q eles pensam que mãe não pode gostar desse estilo...rsrsr). Qdo coloquei "A minha alma" como toque no meu cel. eles não acreditaram.
    Gosto bastante do conteúdo das letras deles.
    Adorei o post. Bjo.

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  7. Tem presente procê no meu blog... passa lá!

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