O EnTHulho Musical hoje viaja até Salvador/BA, para buscar o relato musical de um rapaz que parece ter mesmo uma grande comunhão com o lugar.
A Bahia é mística. É intensa, fervorosa, divertida, poética, sensível e alegre. E o bacana é que todas essas características se aplicam também ao meu convidado de hoje.
O xará Thiago Ribeiro (duplo xará, pois eu também sou Ribeiro! :P ) é um encanto. Às vezes fico morrendo de rir sozinho ao ler suas aventuras cheias de animação e tiradas máximas (uma das mais memoráveis foi quando ele descreveu como era o encontro de dois black powers, com direito a roteirização das reações de cada um...risos). Ele também é um talento. Escreve bem, atua bem, e é um modelo competente para as belas fotos suas que publica nas redes sociais, sempre com muito estilo e ginga!
Espero, um dia, ter o grande prazer de conhecê-lo pessoalmente. Por ora, contento-me em continuar acompanhando suas desventuras de longe e ler seu encantado relato ao som de uma de suas cantoras preferidas (não poderia ser mesmo outra)! E nítida a intensidade de sua devoção por Daniela Mercury - talvez uma de suas marcas registradas!
Bahia em alta no post de hoje do EnTHulho Musical! Axé!
O ANO EM QUE VIREI SÚDITO
É sempre difícil pra mim escrever
sobre uma coisa que eu goste muito porque tenho o péssimo hábito de ter uma
escrita extremamente passional. Quando o xará Thiago Henrick me convidou para
escrever sobre uma música nacional que me marcasse, na hora eu não tive dúvidas
quanto a escolha. Não apenas por que gosto da música, até porque eu não gosto,
eu adoro! Mas porque é a música que todos os meus amigos associam a mim quando
toca. É aquela que faz as pessoas gravarem áudios de whats app no meio da
madrugada cantando pra mim quando ouvem em algum bar ou em uma festa qualquer.
O ano era 1993. Três anos tinha
este que vos escreve. Em Salvador os tambores do Olodum ecoavam e já eram
conhecidos além Bahia. As ladeiras eram tomadas diariamente pelo som
proveniente dos ensaios em fundo de quintal que eram promovidos por propensos
percussionistas. O samba reggae, que futuramente viria a ser conhecido
mundialmente como Axé Music, era
gerado ali, entre quintais e ladeiras da capital baiana.
Naquele ano houve a explosão de
um furacão baiano. Se antes o Brasil já havia se rendido ao molejo da Banda
Reflexus e ao swing de Luiz Caldas, 1993 foi o momento de ascenção de Daniela
Mercury, já vinda de um sucesso popular com o single “Swing da Cor”, de seu disco anterior, lançado em 91. Com “O Canto da Cidade’’, Daniela viajou de
norte a sul do país divulgando sua música e a música feita pelos tambores da
periferia baiana. Solidificou-se assim, o Axé!
Todo mundo tem aquela música que
lhe tira do sério, que te arranca da cadeira e te faz enlouquecer. A minha é O
Canto da Cidade. É um som que me arrepia por inteiro dando-me a sensação de que
trocentas pombas-giras enlouquecidas estão para tomar o meu corpo. Brinco
inclusive, com um fundo de verdade nisso, que se um dia por ventura eu possa
vir a ficar em coma, é muito simples me trazer de volta. Bastar ter em mãos um
celularzinho com um som de boa qualidade e largar o dedo no play. Em menos de
quinze segundo, só de escutar as primeiras estrofes ‘’a cor dessa cidade sou
eeeeu’’, eu volto de onde eu estiver. Podem ter certeza. Desde 93 eu uso essa
música para tudo. Nos momentos de raiva, para me acalmar. Nos momentos de
alegria, para comemorar. Nos momentos introspectivos, para poder sair da fossa.
E também usaria para malhar, se eu malhasse. Também é a minha música de entrada
caso eu opte por fazer uma solenidade de formatura, coisa que acho cafoníssima.
O Canto da Cidade é um hino.
Quase não lançada pela gravadora, que achava a letra, digamos, egocêntrica
demais, a música ultrapassa as barreiras do tempo, se mantendo ainda hoje como
um dos grandes hinos do Carnaval da Bahia e hit obrigatório em qualquer
playlist carnavalesca que se preze. Swing da Cor me fez cair de amores por
Daniela. O Canto foi mais além e selou desde então minha união de amor e admiração
por La Mercury. Entre nobres vagabundos, amores a primeira vista, Rapunzel,
feijões de corda, mutantes e Ghandis, lá se vão 22 anos ouvindo e dançando ao
som daquele que, com toda certeza, é o meu canto da cidade. O meu canto da
cidade é seu Daniela Mercury.
THIAGO RIBEIRO
Salvador/BA
Chegou a hora, então, de ficarmos com o hino da parceira do Thiago! ;)
O CANTO DA CIDADE
Daniela Marcury
O canto dessa cidade é meu
A cor dessa cidade sou eu
O canto dessa cidade é meu
O gueto, a rua, a fé
Eu vou andando a pé
Pela cidade bonita
O toque do afoxé
E a força, de onde vem?
Ninguém explica
Ela é bonita
O gueto, a rua, a fé
Eu vou andando a pé
Pela cidade bonita
O toque do afoxé
E a força, de onde vem?
Ninguém explica
Ela é bonita
Uô ô
Verdadeiro amor
Uô ô
Você vai onde eu vou
Uô ô
Verdadeiro amor
Uô ô
Você vai onde eu vou
Não diga que não me quer
Não diga que não quer mais
Eu sou o silêncio da noite
O sol da manhã
Mil voltas o mundo tem
Mas tem um ponto final
Eu sou o primeiro que canta
Eu sou o carnaval
A cor dessa cidade sou eu
O canto dessa cidade é meu
A cor dessa cidade sou eu
O canto dessa cidade é meu
Não diga que não me quer
Não diga que não quer mais
Eu sou o silêncio da noite
O sol da manhã
Mil voltas o mundo tem
Mas tem um ponto final
Eu sou o primeiro que canta
Eu sou o carnaval
Uô ô
Verdadeiro amor
Uô ô
Você vai onde eu vou
Uô ô
Verdadeiro amor
Uô ô
Você vai onde eu vou
A cor dessa cidade sou eu
O canto dessa cidade é meu
A cor dessa cidade sou eu
O canto dessa cidade é meu
TH - Salve a Dani!!
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