Elba Ramalho: música provocativa que foi alvo de censura na década de 80
COMENTÁRIO DE TH: Não acho que segregação alguma deva ser exemplo pra nada. A própria letra da música prega isso e não acho tão válido...a diversidade regional e cultural é justamente o que faz esse país ser tão rico e completo. Somos todos iguais, com nossas marcas regionais expostas em nossa voz, com problemas típicos (seca no Nordeste, violência no Rj, poluição em SP). Não há o que se falar em hierarquia de nenhuma sorte...
A música "Nordeste Independente", de autoria de Ivanildo Vilanova e Bráulio Tavares, o "raio da cilibrina", consistia no momento mais ovacionado dos shows que Elba Ramalho fazia por volta de 1983. Na época, a cantora havia sido eleita a maior estrela da música brasileira pela revista Veja, e, ao lançar o trabalho seguinte, "Do Jeito Que a Gente Gosta" (1984), resolveu incluir a gravação ao vivo para fechar o disco. O resultado foi catastrófico: de tão aplaudida que a música era nos espetáculos, acabou sendo alvo dos censores, que não engoliram muito a ideia de "segregração" que era brincada na letra.
Na realidade, era uma brincadeira provocativa em tom de protesto, ante o descaso dos políticos e a hostilidade das demais regiões brasileiras com o Nordeste, desde aquela época sofrendo com as consequências da seca e marginalizado por seu povo simplório, de sotaque "feio" (segundo eles) e a aparente pobreza. O Lp era vendido com um lacre, deixando clara a proibição da radiodifusão da música em questão.
A censura já deixou o Brasil faz tempo, mas será que podemos falar a mesma coisa do preconceito? Os ataques de xenofobia na rede social Twitter contra os nordestinos, oriundos do resultado das pesquisas das eleições (que mostraram que Dilma teve mais votos na nossa região) revelam que a questão continua mais ativa e estampada do que nunca...
COMENTÁRIO DE TH: Não acho que segregação alguma deva ser exemplo pra nada. A própria letra da música prega isso e não acho tão válido...a diversidade regional e cultural é justamente o que faz esse país ser tão rico e completo. Somos todos iguais, com nossas marcas regionais expostas em nossa voz, com problemas típicos (seca no Nordeste, violência no Rj, poluição em SP). Não há o que se falar em hierarquia de nenhuma sorte...
Entretanto, a música se faz oportuna pois é sempre bom relembrar gente de memória tão curta da importância que o Nordeste tem no contexto sócio-econômico e do carisma da maior parte de seus descendentes. E Elba, apesar de todo protesto, deixa claro que a brincadeira tem intenção não apenas de peitar, mas de conscientizar. E sempre estarei com ela nisso ;)
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NORDESTE INDEPENDENTE
Elba Ramalho. Ivanildo Vilanova e Bráulio Tavares
Já que existe no sul esse conceito
Que o nordeste é ruim, seco e ingrato
Já que existe a separação de fato
É preciso torná-la de direito
Quando um dia qualquer isso for feito
Todos dois vão lucrar imensamente
Começando uma vida diferente
NORDESTE INDEPENDENTE
Elba Ramalho. Ivanildo Vilanova e Bráulio Tavares
Já que existe no sul esse conceito
Que o nordeste é ruim, seco e ingrato
Já que existe a separação de fato
É preciso torná-la de direito
Quando um dia qualquer isso for feito
Todos dois vão lucrar imensamente
Começando uma vida diferente
De que a gente até hoje tem vivido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente
Dividindo a partir de Salvador
O nordeste seria outro país
Vigoroso, leal, rico e feliz
Sem dever a ninguém no exterior
Jangadeiro seria o senador
O cassaco de roça era o suplente
Cantador de viola o presidente
O vaqueiro era o líder do partido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente
Dividindo a partir de Salvador
O nordeste seria outro país
Vigoroso, leal, rico e feliz
Sem dever a ninguém no exterior
Jangadeiro seria o senador
O cassaco de roça era o suplente
Cantador de viola o presidente
O vaqueiro era o líder do partido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente
Em Recife o distrito industrial
O idioma ia ser nordestinense
A bandeira de renda cearense
“Asa Branca” era o hino nacional
O folheto era o símbolo oficial
A moeda, o tostão de antigamente
Conselheiro seria o inconfidente
Lampião, o herói inesquecido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente
O Brasil ia ter de importar
Do nordeste algodão, cana, caju
Carnaúba, laranja, babaçu
Abacaxi e o sal de cozinhar
O arroz, o agave do lugar
O petróleo, a cebola, o aguardente
O nordeste é auto-suficiente
O seu lucro seria garantido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente
Se isso aí se tornar realidade
E alguém do Brasil nos visitar
Nesse nosso país vai encontrar
Confiança, respeito e amizade
Tem o pão repartido na metade,
Temo prato na mesa, a cama quente
Brasileiro será irmão da gente
Vai pra lá que será bem recebido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente
Eu não quero, com isso, que vocês
Imaginem que eu tento ser grosseiro
Pois se lembrem que o povo brasileiro
É amigo do povo português
Se um dia a separação se fez
Todos os dois se respeitam no presente
Se isso aí já deu certo antigamente
Nesse exemplo concreto e conhecido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente
Povo do meu Brasil
Políticos brasileiros
Não pensem que vocês nos enganam
Porque nosso povo não é besta
TH - Não mesmo!! :)
(Música já consoante no blog antigo no dia 25 de Junho de 2007!)
O idioma ia ser nordestinense
A bandeira de renda cearense
“Asa Branca” era o hino nacional
O folheto era o símbolo oficial
A moeda, o tostão de antigamente
Conselheiro seria o inconfidente
Lampião, o herói inesquecido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente
O Brasil ia ter de importar
Do nordeste algodão, cana, caju
Carnaúba, laranja, babaçu
Abacaxi e o sal de cozinhar
O arroz, o agave do lugar
O petróleo, a cebola, o aguardente
O nordeste é auto-suficiente
O seu lucro seria garantido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente
Se isso aí se tornar realidade
E alguém do Brasil nos visitar
Nesse nosso país vai encontrar
Confiança, respeito e amizade
Tem o pão repartido na metade,
Temo prato na mesa, a cama quente
Brasileiro será irmão da gente
Vai pra lá que será bem recebido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente
Eu não quero, com isso, que vocês
Imaginem que eu tento ser grosseiro
Pois se lembrem que o povo brasileiro
É amigo do povo português
Se um dia a separação se fez
Todos os dois se respeitam no presente
Se isso aí já deu certo antigamente
Nesse exemplo concreto e conhecido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente
Povo do meu Brasil
Políticos brasileiros
Não pensem que vocês nos enganam
Porque nosso povo não é besta
TH - Não mesmo!! :)
(Música já consoante no blog antigo no dia 25 de Junho de 2007!)
Para que se fique registrado - e pra quem não viu ainda:
ResponderExcluirhttp://ultimosegundo.ig.com.br/eleicoes/pai+da+estudante+processada+por+discriminacao+se+diz+envergonhado/n1237820606679.html
"Não troco meu oxente pelo "OK" de ninguém" - Ariano Suassuna. Orgulho de ser nordestino!
ResponderExcluirEu acho é TOME! Sorte dela que eu não estudo na mesma sala... huhuhuhuh
ResponderExcluirBom dia, achei muito legal o teu texto, a maneira poética como vc abordou um assunto muito complexo e tenso. Eu não sou do nordeste mas a minha família praticamente inteira sim. De qualquer modo, como um ser pensando eu fiquei atônito diante daqueles tuítes. Acho louvável o processo da guria e acho que a abertura do inquérito policial é absolutamente necessária. Eu não gosto muito de Elba, mas ela realmente encarna o espírito do artista engajado, não apenas politicamente, mas engajado com a própria vida! Abraços!
ResponderExcluirOnde é que eu assino, TH?
ResponderExcluirA responsabilidade pelos rumos políticos do Brasil não são só do Nordeste, mas de todos os brasileiros. Passa a impressão de que todos os nordestinos pensaram e agiram da mesma forma. Além do mais, somos um país plural, política e culturalmente. E o Nordeste contribui para a beleza étnica e cultural brasileira.
O que mais me choca nesse lamentável episódio é que os comentários pra lá de infelizes tenham partido de jovens que, teoricamente, deveriam estar antenados com um pensamento mais moderno. Além de agressivo, tudo isso me soou, acima de tudo, cafona e retrógrado. Enfim, fico triste em saber que há pessoas no mundo com esse tipo de pensamento, mas também é um alento saber que há uma enorme maré remando contra essa mentalidade tacanha.
ResponderExcluirE o EnTHulho, mais uma vez, arrasando. Concordo em gênero, número e grau com o seu comentário. Nossa maior riqueza está, justamente, na diversidade e não na segregação. Parabéns, querido!
P.S: Na canção em questão, só concordo com "Asa Branca" ser o hino nacional. Essa canção é uma das coisas mais lindas já compostas em todos os tempos!
"A minha piscina está cheia de ratos..." Versos de Cazuza.
ResponderExcluirTh mais uma vez arrasando com seus excelentes posts.
Além de idiotas, os ataques aos nordestinos me deu a sensação de que ainda vivemos numa verdadeira (e eterna?) hipocrisia. Estamos rodeados de gente podre. Pra piorar, o que mais acho engraçado (ou melhor, triste) nessa história é a falta de senso do ridículo, principalmente dessa garota, a tal de Mayara Petroso. Nada justifica os ataques dessa imbecil. Somos todos iguais. Somos brasileiros!!!
Meu repúdio total à essa estúpida e aos que pensam como ela.
Apesar de ser paranaense, sou filha de uma paulista com um cearense. O sangue nordestino corre em minhas veias. Fico danada quando vejo pessoas tirando sarro de nordestinos ou tratando-os como se fossem inferiores.
ResponderExcluirMoro em SP desde os 2 anos e sei que essa cidade foi construída por muitas mãos nordestinas que, com o sonho de melhorar de vida, deixam suas origens, suas famílias, e vem para cá.
Tenho orgulho de ter tido um pai cearense e, em minhas viagens, já conheci muitas cidades do nordeste. Lá encontrei pessoas batalhadoras, criativas e de bem com a vida.
Quanto aos xenofóbicos, só tenho a lamentar tamanha ignorância e preconceito.
obs.:Adoro as praias nordestinas. Um dia ainda vou-mimbora de Sun Paulo!!!
saiu uma reportagem na carta capital da semana passada tbm...fico imaginado que tipo de profissional essa moça seria... preconceito: SUCKS!
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