domingo, 6 de novembro de 2011

ARTISTA DO MÊS: MILTON NASCIMENTO!

" Sempre me perguntaram que tipo de música eu faço, nunca soube explicar. Certa vez fui convidado para um festival de jazz na Dinamarca. Quando cheguei lá, o cartaz da noite dizia: ‘Miles Davies - jazz’, ‘Fulano de tal - rithym and blues’, ‘Milton Nascimento - Milton’. Foi a melhor definição."


O Homem com a voz de pássaro.
Seria o famoso "rouxinol"?

Eu enxergo Milton como uma entidade da música brasileira. Dos hits arrebatadores às músicas menos óbvias (quando canta em clima de procissão, por exemplo), de toda maneira ele consegue emocionar, e não é qualquer mera emoção - ele busca a maior de todas, na alma dos ouvintes, que lhe abençoam como oração devotada. Não é tarefa fácil na música brasileira - a emoção é dom dos bons. E como os bons são afins, não poderemos nunca falar de Milton Nascimento sem mencionar toda sua trupe do "Clube de Esquina"; ou suas lindas parcerias com a internacional Mercedes Sosa; ou dos amigos musicais que faz tanto questão de homenagear como Fernando Brant; ou ainda Elis Regina - a admiração e afinidade entre cantor e diva é mútua e arrebatadora, e espiar a carreira do mestre sem mencionar a intensa participação da intérprete é fazer uma análise rasa e supérflua.
Falar de Milton Nascimento é também resgatar a rica musicalidade mineira, composta de ídolos que se identificam "de alma" com o cantor, como Lô Borges, Flávio Venturini, Beto Guedes...nem todos mineiros de fato (o próprio Milton é do Rio de Janeiro, sabiam?), porém o movimento musical tem tudo a ver com um dos estados que mais admiro e que o EnTHulho Musical estava louco pra mergulhar com louvor na cultura mineira, pegando a música sem rótulos ou classificações que Milton sempre esteve habituado a fazer...

Ê Minas Gerais...



...Muitas curiosidades da carreira de Milton Nascimento durante todo esse mês de Novembro no EnTHulho Musical. É pouco pra dissertar tantos anos de uma carreira vitoriosa, repleta de hinos da música brasileira, mas faremos o possível pra não deixar a desejar! Salve o Bituca!! ;)



BIOGRAFIA RESUMIDA (pelo Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira)


Nascido no Rio de Janeiro, mudou-se com sua família, com um ano e meio de idade, para a cidade de Três Pontas (MG), onde foi criado. Aos quatro anos, recebeu de presente uma sanfoninha de dois baixos, seu primeiro instrumento musical. Em 1955, atuando como crooner, fez parte de um conjunto de baile, do qual participava, também, o mineiro Wagner Tiso. Dois anos depois, ganhou um violão e fundou, também com o pianista mineiro, o conjunto Luar de Prata, com o qual se apresentou em vários bailes e shows na cidade. Nessa época, terminou o ginásio e ingressou no curso de Contabilidade, atuando paralelamente como disc-jóquei da Rádio Clube de Três Pontas. Teve as primeiras noções de piano com a mãe de Wagner Tiso.
Na pensão onde foi morar na capital, no Edifício Levy, Milton conheceu os irmãos Borges, Marilton, Lô e Márcio. Dos encontros na esquina das Ruas Divinópolis com Paraisópolis surgiram os acordes e letras de canções como Cravo e Canela, Alunar, Para Lennon e McCartney, Trem azul, Nada será como antes, Estrelas, São Vicente e Cais. Aos meninos fãs do The Beatles e do The Platters vieram juntar-se Tavinho Moura, Flavio Venturini, Beto Guedes, Fernando Brant, Toninho Horta. Em 1972 a EMI gravou o primeiro LP, Clube da esquina, que era duplo e apresentava um grupo de jovens que chamou a atenção pelas composições engajadas, a miscelânea de sons e riqueza poética. O Clube da esquina escreveu um dos mais importantes capítulos da história da MPB. Chamou a atenção dos músicos brasileiros e estrangeiros, dada a sua ousadia artística e criatividade inovadora.

Quando do lançamento, a crítica especializada não teve a capacidade de entender o que estava acontecendo e fez comentários severos a respeito da obra. Pouco tempo depois o disco teve reconhecimento internacional e ganhou o prestígio merecido aqui no Brasil também. O álbum virou disco de cabeceira de músicos no mundo inteiro, tornando-se referência estilística e estética da música contemporânea, e levou Milton Nascimento a ser convidado por Wayne Shorter a gravar um disco com ele, em 1975. O disco chamava-se Native Dancer e serviu para projetar Milton de uma vez por todas no mercado norte-americano.


Em 1966, Milton escreveu, em parceria com César Roldão Vieira, as músicas para a peça infantil "Viagem ao Faz de Conta" de Walter Quaglia. EM 1967, segundo o trecho da contracapa do disco Milton e Tamba Trio: Milton Nascimento entrou no estúdio acompanhado pelo 'Tamba Trio', no Rio de Janeiro, em 1967, para gravar seu primeiro disco. O encontro de 'Milton & Tamba' com os arranjos de Luizinho Eça fazem de 'Travessia' um álbum definitivo e eternamente moderno. No mesmo ano, a composição Canção do Sal foi gravada por Elis Regina. A convite do músico Eumir Deodato, gravou um LP nos Estados Unidos (Courage), onde se destacam Catavento e uma versão de Travessia chamada Bridges. Em 1970 realiza temporadas no Rio de Janeiro e em São Paulo com o conjunto Som Imaginário, destacando-se desse período Para Lennon e McCartney (1970, com Fernando Brant, Márcio Borges e Lo Borges) e Clube da Esquina. No disco Sentinela (1980), foi um grande sucesso a composição Canção da América. No ano seguinte, estourou a canção Caçador de Mim (uma composição de Luiz Carlos Sá e Sergio Magrão). Também participou e compôs a trilha sonora de filmes como Os Deuses e Os Mortos (1969, direção de Ruy Guerra), e Fitzcarraldo (1981, direção de Werner Herzog).

Entre outros sucessos, destacam-se Maria, Maria (1978, com Fernando Brant), e a interpretação de Coração de Estudante (Wagner Tiso), que se tornou o hino das Diretas Já (movimento sócio-político de reivindicação por eleições diretas, 1984) e dos funerais de Tancredo Neves (1985). Posteriormente, a Canção da América, que versa sobre a Amizade, foi o tema de fundo dos funerais de Ayrton Senna (1994).
O estilo musical de Milton pode ser classificado como Música Popular Brasileira, surgido de um desdobramento do movimento da bossa nova, com fortes influências desta, do jazz, do jazz-rock e de grandes expoentes do rock, como os Beatles, Bob Dylan e com pitadas tanto da música hispano-americana de Mercedes Sosa, Violeta Parra e Victor Jara, quanto dos sons caribenhos de Pablo Milanes e Silvio Rodrigues. Ao mesmo tempo, o estilo de Milton Nascimento não deixa de beber nas fontes regionais brasileiras, nos cantos folclóricos de Minas Gerais e de outros estados.
O estilo foi inaugurado com a inesquecível interpretação da canção Arrastão (Edu Lobo / Vinícius de Moraes), pela novata Elis Regina, na estreia do I Festival de Música Popular Brasileira. Até agora,Milton Nascimento já gravou trinta e quatro álbuns. Cantou com dúzias de outros artistas, incluindo Angra, Maria Bethânia, Elis Regina, Gal Costa, Jorge Ben Jor, Caetano Veloso, Simone,Chico Buarque, Clementina de Jesus, Gilberto Gil, Beto Guedes, Paul Simon, Peter Gabriel (com quem co-escreveu a música Breath after Breath do Duran Duran), Herbie Hancock, Quincy Jones e Jon Anderson. Elegeu Elis Regina como a grande musa inspiradora para quem compôs inúmeras canções. A filha de Elis, Maria Rita, teve sua carreira catapultada pelo padrinho Milton Nascimento com a participação no álbum Pietá, cantando as faixas Voa Bicho, Vozes do Vento e Tristesse.

"Sinto que o brasileiro está sentido mais forte as coisas que
faço.. A vida toda eu ouvi que a minha música não era
entendida pelo povo. Agora estou fazendo mais shows para um
pessoal que não tem dinheiro. E de repente aquele pessoal
todo canta comigo. E aí? Cadê a música que ninguém
entende?" MN

*********************************************************

DISCOGRAFIA COMPLETA

  • 2010) E a gente sonhando (Milton Nascimento) – EMI Music - CD
  • (2008) Novas bossas • Nascimento Música/EMI • CD
  • (2004) A sede do peixe • Nascimento/EMI Music • DVD
  • (2003) Pietá • WEA • CD
  • (2000) Gil e Milton • WEA Music • CD
  • (1999) Crooner • Warner Music • CD
  • (1998) Tambores de Minas-ao vivo • CD
  • (1998) Milton Nascimento. Sua vida, sua música • Reader's Digest • CD
  • (1997) Nascimento • Warner Music • CD
  • (1997) Milton • Universal Music
  • (1995) Amigo • Warner Music • CD
  • (1993) Angelus • CD
  • (1991) O planeta blue na estrada do sol • Sony Music • CD
  • (1990) Txai • CBS • LP
  • (1990) Série Performance. Milton Nascimento • EMI-Odeon
  • (1988) Miltons • CBS • LP
  • (1987) Yauaretê • CBS • LP
  • (1987) Mix. Milton Nascimento e RPM • CBS • LP
  • (1986) Corazón americano. Mercedes Sosa, León Gieco e Milton Nascimento • PolyGram • LP
  • (1986) A barca dos amantes • Barclay/PolyGram • LP
  • (1986) Chico Rei-Trilha sonora do filme • Som Livre • LP
  • (1985) Encontros e despedidas • Barclay/PolyGram • LP
  • (1983) Milton Nascimento ao vivo • Barclay/Ariola • LP
  • (1983) Brazil night. Ao vivo em Montreux. Alceu Valença, Milton Nascimento e Wagner Tiso • Ariola • LP
  • (1982) Ânima • Ariola • LP
  • (1982) Missa dos quilombos • LP
  • (1981) Caçador de mim • Ariola • LP
  • (1980) Sentinela • Ariola • LP
  • (1979) Journey to dawn • EMI-Odeon • LP
  • (1978) Clube da Esquina 2 • EMI/Odeon
  • (1976) Milton • A&M Records/EMI-Odeon • LP
  • (1976) Geraes • EMI-Odeon • LP
  • (1975) Native dancer. Wayne Shorter featuring Milton Nascimento • Colúmbia (EUA)/EMI-Odeon •LP
  • (1975) Minas • EMI-Odeon • LP
  • (1974) Milagre dos peixes. Gravado ao vivo. Milton Nascimento e Som Imaginário • Odeon • LP
  • (1973) Milagre dos peixes • Odeon • LP
  • (1972) Clube da Esquina. Milton Nascimento & Lô Borges • Odeon
  • (1970) Milton • Odeon • LP
  • (1969) Milton Nascimento • Odeon • LP
  • (1968) Courage • A&M Records • LP
  • (1967) Milton Nascimento • Ritmos/Codil • LP
  • (1965) Quarteto Sambacana. Muito pra frente • Odeon • LP
  • *******************************************************


  • ABAIXO, DOIS VÍDEOS CLÁSSICOS DE MILTON NASCIMENTO: UM DEPOIMENTO CLÁSSICO MÚTUO ENTRE O CANTOR E ELIS REGINA. NO SEGUNDO, O SUPER CONHECIDO DUETO COM CHICO BUARQUE, "O QUE SERÁ, QUE SERÁ".





QUEM SE CONTEVE NA EMOÇÃO AÍ? ;)


*************************************************
NOS BAILES DA VIDA
Milton Nascimento

Foi nos bailes da vida ou num bar
Em troca de pão
Que muita gente boa pôs o pé na profissão
De tocar um instrumento e de cantar
Não importando se quem pagou quis ouvir
Foi assim
Cantar era buscar o caminho
Que vai dar no sol
Tenho comigo as lembranças do que eu era
Para cantar nada era longe tudo tão bom
Até a estrada de terra na boléia de caminhão
Era assim
Com a roupa encharcada e a alma
Repleta de chão
Todo artista tem de ir aonde o povo está
Se for assim, assim será
Cantando me disfarço e não me canso
de viver nem de cantar

TH - E ele chegou mesmo lá! ;)


Nenhum comentário:

Postar um comentário

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...