sexta-feira, 7 de outubro de 2011

AMIGO MUSICAL CONVIDADO # 37 - Eduardo Nassife!



Muita gente, ao ver o Eduardo pela primeira vez, já deve ter se intimidado com o semblante "sisudo" que ostenta (eu!). Mais ainda quando fica sabendo que o rapaz do Rio de Janeiro foi co-autor da biografia "40 anos de Glória", dedicada à sua musa Glória Pires (eu!) e que atualmente é colaborador de Aguinaldo Silva, na equipe da novela "Fina Estampa", além de ter participado da turma Master Class. O currículo assoviável, contudo, não o deslumbra. Ao conhecê-lo, constatei estar diante de uma pessoa franca, simples e divertida. Falei divertida? O rapaz é um verdadeiro palhaço, que tira onda com tudo e faz rir com facilidade. Adora falar abobrinhas e cativa justamente na simplicidade.
O contato com o moço ainda está no início, mas já dá pra "pescar" coisas de sua personalidade. A persistência talvez sua mais óbvia característica, auxiliada, claro, por seu signo Leão. Também as críticas contundentes que faz diariamente em seu perfil no Facebook demonstram o quão seguro em suas argumentações é. E também seu gosto cultural - sempre com boas recomendações em teledramaturgia, cinema, teatro e música. Música? Sim, chegamos ao nosso espaço! Dei o desafio para que me dissesse qual música brasileira teria a capacidade de lhe traduzir e, como bom brasileiro que é, escreveu um belo e curioso relato onde, "além de mostrar sua cara", discorre sobre um clássico que marcou o cancioneiro nacional, sobretudo pela interpretação enérgica e poderosa de Gal Costa. Cazuza já disse, naquele final dos anos 80: "das grandes alegrias que tenho nessa vida, uma delas é ouvir Gal entoando minha música na abertura no horário nobre".

Das grandes alegrias que o EnTHulho tem na história do blogue, é contar sempre com gente inteligente e com algo musical a dizer!


"Desde pequeno, sempre fui muito ligado às artes, principalmente ao Cinema, TV e à Música. Esta última, em grande parte por conta do meu pai. Cresci ouvindo Elis Regina, Maria Bethânia, Gal, Caetano, Lulu Santos, Djavan, entre outros. Meu pai sempre teve bom gosto musical. Imagino quais opções ele teria hoje em dia, pois ele cresceu ouvindo que o Brasil seria o “país do futuro”, mas o que vemos até agora é um retrocesso em todos os âmbitos: moral, ético, cultural, que me pergunto se o futuro que tanto falavam realmente existe.
A música, depois de um tempo, sempre esteve atrelada a mim através de trilhas sonoras de filmes e novelas. E a minha predileta, VALE TUDO, de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères é, até hoje, irretocável.
Sua abertura, uma colagem de imagens que enalteciam e denunciavam um Brasil egresso da Ditadura Militar, era o grito engasgado de milhões de brasileiros que, naquele distante ano de 1988, parece ecoar até os dias de hoje, visto que nada mudou. Só piorou. “Brasil”, de Cazuza, embalava esse clamor de liberdade e incerteza com uma brilhante interpretação de Gal Costa.
Que Cazuza era um gênio é redundante dizer, mas Gal imortalizou de tal forma essa música que ela me transformou. Como pessoa. Como profissional. Cresci querendo fazer as mesmas denúncias que a novela buscava fazer, através de personagens tão inesquecíveis quanto ela própria.
Desde então, “Brasil” é uma espécie de hino para mim. Cada vez que eu a ouço, ela me faz viajar – pra dentro de mim mesmo – e me dá a certeza de que eu, enquanto formador de opinião, farei a minha parte para se não banir, pelo menos, frear esse retrocesso pelo qual fomos acometidos. Se eu, assim como aquele trio de autores, conseguir fazer o Brasil de hoje – mas ainda com os mesmos problemas de ontem – passar na TV e mostrar a sua cara, “Brasil” terá valido a pena."



EDUARDO NASSIFE

Pesquisador da novela Fina Estampa e co-autor da biografia "40 anos de Glória"


***************************************************************************************Sócios do Brasil!


BRASIL
[Cazuza - Gal Costa]

Não me convidaram
Pra esta festa pobre
Que os homens armaram
Pra me convencer
A pagar sem ver
Toda essa droga
Que já vem malhada
Antes de eu nascer...
Não me ofereceram
Nem um cigarro
Fiquei na porta
Estacionando os carros
Não me elegeram
Chefe de nada
O meu cartão de crédito
É uma navalha...

Brasil!
Mostra tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil!
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim...

Não me convidaram
Pra essa festa pobre
Que os homens armaram
Pra me convencer
A pagar sem ver
Toda essa droga
Que já vem malhada
Antes de eu nascer...
Não me sortearam
A garota do Fantástico
Não me subornaram
Será que é o meu fim?
Ver TV a cores
Na taba de um índio
Programada
Pra só dizer "sim, sim"

Brasil!
Mostra a tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil!
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim...

Grande pátria
Desimportante
Em nenhum instante
Eu vou te trair
Não, não vou te trair...

Brasil!
Mostra a tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil!
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim...



TH - Emblemática!






4 comentários:

  1. puxa, Thiago!

    muito bom ter a oportunidade de conhecer um pouco do Nassife, pois como você bem disse ao introduzi-lo, quem nunca esteve pessoalmente tem mesmo uma impressão outra que não essa, evidenciada no texto... quem sabe, eu também ainda possa ter a honra de bater um papo descontraído com o mesmo.

    sempre bom passar por aqui, Thi... abraço!!!

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  2. Sou fã do Edu desde que li o livro, tão bem feito, sobre a Glória. Tive dia desses a grata surpresa de descobrir que ele me segue no twitter. Apesar de não interagirmos, considero uma pessoa fascinante e especial a quem desejo muito sucesso nessa carreira, que ele possa sempre emocionar o Brasil do Cazuza e da Gal com lindas histórias de aventuras e Glórias.

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  3. terá valido a pena?

    O cartão de crédito é hoje mais que antes uma navalha, mas ninguém quer cortar na própria carne. Ninguém mostra a cara! O Brasil egresso da ditadura, hoje vive uma ditadura velada e o dinheiro ainda dita as regras nessa festa pobre. Quem paga pra gente ficar assim, somos nós mesmos.

    A grande pátria é mesmo desimportante.

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  4. Belo post, ótima escolha. Um país q apesar de estar mostrando um pouco a sua cara (nada bonita), continua tentando nos convencer com suas festas pobres e podres.

    Pátria q me pariu!

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