quinta-feira, 22 de setembro de 2011

DE OLHO NO ROCK IN RIO 2011!


A corrida pro Rock In Rio 2011 já está a todo vapor. Nessa sexta-feira (23), as festividades começam e, claro, não se agrada gregos e troianos. Mas é o histórico do festival - as reclamações existem desde a primeira edição em 1985 (ou quem não se lembra das vaias para Erasmo "Tremendão" Carlos, que apareceu todo vestido de roqueiro para cantar baladinhas como "Gatinha Manhosa"?). Talvez o problema esteja na distribuição das atrações, nos artistas de cada dia e, principalmente, na reunião dos fãs deles. Medina que melhore na organização...
E rock? Eu já nem me atenho mais nessa discussão. O nome enfoca o estilo musical por ser prioridade em todas as edições, mas o que se vê, felizmente, é a reunião de vários ritmos e estilos, agradando gregos e troiano (e desagradando mais ainda!).
O próprio estilo é controverso. Não são guitarras que definem que tal sonoridade é rock, e sim a atitude do artista. Mas vai explicar isso para roqueiros descerebrados, que, infelizmente, é a maioria.

O EnTHulho fez um resuminho do que aconteceu em edições passadas e fica na espreita: qual a expectativa para a atual - quais serão os acontecimentos históricos dessa vez?



1ª EDIÇÃO: 1985

A grande novidade!!! A primeira edição marcou por inúmeros fatores, dentre eles o fato do Rock Nacional estar no auge, com bandas marcando ponto forte de suas carreiras naquele mesmo período. O que não impediu, claro, que a MPB convergir em harmonia, certo? Errado. O politicamente incorreto começou com tudo naquela mesma primeira edição, sobretudo os metaleiros que, além de rechaçar Erasmo Carlos como já foi dito, se frustraram quando Ozzy Osbourne não comeu nenhum morcego.
Ney Matogrosso é uma das lembranças mais vivas do festival, mostrando sua conhecida ousadia de quem estava com a carreira em voga. Pepeu Gomes e Baby Consuelo também se apresentaram na noite da estreia.
Elba Ramalho (que havia sido, no mesmo ano, condecorada a melhor artista do Brasil), Ivan Lins (que quase perdeu a voz no festival e contou com a ajuda do público - saiu do evento se sentindo "vitorioso") e Gilberto Gil foram os artistas nacionais que se apresentaram no segundo dia.
O Rock Nacional mostrou sua cara, enfim, no terceiro dia, com o trio Lulu Santos (que teve sua grande parcela sim na "invenção" do rock nacional, apesar das baladinhas que tocou no evento - vide "De Repente California"), Paralamas do Sucesso (que foi considerada a grande revelação do festival e mais tarde se tornaria uma das maiores bandas do rock brasileiro) e a Blitz (Evandrão e sua trupe eram a cara daquela época). Detalhe que os Paralamas, convidados de última hora, prestaram ainda homenagem a bandas que não foram convidadas ao festival, como o Ultraje a Rigor, cantando o hit deles "Inútil".

Os siameses Alceu Valença e Moraes Moreira foram os brasileiros do quarto dia do festival. No quinto, Kid Abelha (Paulinha e Leoni, o casal sensação - e a banda ainda tinha "Os Abóboras Selvagens - estava na moda curti-los), Erasmo (relegado a este dia), Eduardo Dusek e Barão Vermelho. A banda de Frejat e Cazuza foi o único grupo brasileiro que não foi vaiado e conseguiu arrancar aplausos dos fãs de heavy metal interessados nos shows de AC/DC e Scorpions. No mesmo dia, ocorria em Brasília, no Colégio Eleitoral, a eleição presidencial indireta que escolheu Tancredo Neves como novo presidente, dando um grande passo na redemocratização do país. O palco e a plateia contavam com várias bandeiras do Brasil. O então guitarrista e atual vocalista Frejat subiu ao palco usando uma calça verde e uma camisa amarela, e a banda fechou o show tocando "Pro Dia Nascer Feliz", com o coro uníssono da platéia no refrão. Madame Rita Lee dava o ar de sua graça no sexto-dia, com seu repertório repleto de temas de novela e consciente que muitos estavam lá aguardando a postura debochada da rainha, conhecida de décadas com os Mutantes e Tutti-Fruti. Divou - e não poderia ser menos! O apresentador desta edição também estava nas alturas em termos de popularidade: o geração saúde Kadu Moliterno! E as profecias de Nostradamus pairaram sobre o primeiro Rock In Rio: tudo por causa de uma previsão de que uma tragédia mataria inúmeros jovens naquele Janeiro de 1985. Muita gente deixou de ir ao festival por conta disso... e estão fulos da vida até hoje!


2ª EDIÇÃO: 1991

Em razão do sucesso da primeira edição, o Rock in Rio deixou um gostinho de espera. Mas é um engano acreditar que os roqueiros brasileiros teriam de esperar a pela segunda realização do evento para conferirem a performance de astros internacionais do rock. Em 1988 e em 1990, apesar das adversidades econômicas, o Brasil recebeu o festival Hollywood Rock. Bandas como Bon Jovi, Supertramp e Bob Dylan passaram pelo país e fizeram grandes celebrações musicais.
A segunda edição do evento foi realizada no estádio de futebol Maracanã, cujo gramado foi adaptado para receber o palco e os espectadores (700 mil pessoas, em 9 dias de evento).
Infelizmente, as expectativas maiores do segundo RIR eram as bandas internacionais - a coisa é bem brasileira: prestigiar em demasia o que é de fora e desvalorizar as pratas da casa. Pensando nisso (ou no cachê, vai lá saber), houve um acréscimo muito maior de artistas brasileiros nas atrações: Alceu Valença, Capital Inicial, Ed Motta, Elba Ramalho, Engenheiros do Hawaii, Gal Costa, Gilberto Gil, Hanói Hanói, Inimigos do Rei, Laura Finokiaro, Leo Jaime, Lobão, Moraes & Pepeu, Nenhum de Nós, Orquestra Sinfônica, Paulo Ricardo, Roupa Nova, Sepultura, Serguei, Supla, Titãs, Vid e Sangue Azul.

Mas não teve jeito: as atenções estavam mesmo todas voltadas para as bandas de metal e pros selvagens Guns N' Roses, que foram os campeões absolutos do evento. E mais: o pop estava também em alta com atrações como A-HA (aclamadíssimos os noruegueses, que fizeram o melhor show de sua carreira), Dee-Lite (Groove Is In The Heart...ah ah ah...), Information Society, Lisa Stansfield e George Michael, este último com participação de sua antiga banda, o Wham!. Os brasileiros ficaram mesmo em segundo plano, com exceção do Sepultura, que vivia um grande momento na carreira, devidamente ovacionado pela massa "pesada". Algumas bandas, como os Engenheiros do Hawaii, chegaram a ser boicotados pela imprensa brasileira, isso porque estavam estourados naquele começo dos anos 90 com o hit "Era Um Garoto Que Como Eu Amava os Beatles e os Rolling Stones". Os gaúchos, que eram idolatrados pelos fãs, sequer foram citados na FOLHA, por exemplo. Capital Inicial, Biquini Cavadão (a pior de todas, segundo votações) e Titãs não tiveram o merecido respeito ante as atenções inteiramente voltadas para as atrações internacionais.


3ª EDIÇÃO: 2001


Eu considero, diante de tudo o que li a respeito de todas as edições, a terceira edição a mais histórica. Foram muitos bafões e shows lendários (adoraria ter contemplado Neil Young, R.E.M. e Oasis, por exemplo). E a coisa já começou com polêmica: O Rappa se sentiu desprestigiado com as negociações do festival, onde artistas brasileiros "abririam" pros estrangeiros, isso porque foram convidados sob os holofotes. "Alegavam que éramos as estrelas do festival", dizia o produtor da banda. Quando as negociações não deram certo, o grupo comunitário pulou fora, acompanhado, em protesto, de outras bandas brasileiras como Raimundos, Charlie Brown Jr, Jota Quest, Skank, Cidade Negra e Os Paralamas do Sucesso, em solidariedade.
Nesta ocasião, os organizadores decidiram construir uma nova "Cidade do Rock", no mesmo local onde fora a primeira, com a inédita capacidade de 250 mil espectadores por dia e "tendas" alternativas onde realizaram-se concertos paralelos aos do palco principal. Havia tendas de música eletrônica ("Tenda Eletro"), música nacional ("Tenda Brasil", na qual artistas brasileiros apresentavam-se), música africana ("Tenda Raízes") e música mundial ("Tenda Mundo Melhor"). O evento recebeu a legenda de "Por Um Mundo Melhor", o que se marcou com o ato simbólico de observação de três minutos de silêncio antes do início das apresentações no primeiro dia do evento. Às 19 horas daquele dia 12 de janeiro de 2001, três mil rádios e 522 TVs silenciaram pela melhoria do mundo. O início e o fim do ato foram marcados pelo toque de sinos e pela libertação de pombas brancas, representando um pedido pela paz mundial.
Milton Nascimento abriu o festival e fez as pessoas bocejarem - o lugar de Milton (que eu adoro), infelizmente não era ali...
O Capital Inicial foi convocado de última hora e fez um show beirando o extraordinário - garantindo a força dos brasileiros, tão defasados com a desistência das fortes bandas.

Carlinhos Brown entrou para a história do festival devido a "noite das garrafadas". Convidado para o terceiro dia de apresentações, o cantor baiano, especializado no estilo conhecido como "Axé music", foi hostilizado pelo público presente, que o atacou a garrafadas enquanto gritava "queremos rock!". O fato repercutiu de maneira extremamente negativa e o cantor vociferou contra os pseudo-roqueiros: "um bando de playboyzinhos tratados com "Toddy" e posando de roqueiros, tem vergonha de música genuinamente brasileira!".
Cássia Eller, junto ao Nação Zumbi, fez um espetáculo memorável - parecia que sabia que tinha que aproveitar, já que nos deixaria, infelizmente, naquele ano. Cassião ainda foi elogiada por Dave Growl (Foo Fighters e ex baterista do Nirvana), que ficou impressionado com a performance pesada da cantora para "Smells Like Teen Spirit". Cassião (que havia mostrado os seios) tascou um beijão em Dave!
O Ira e o Ultraje a Rigor fizeram uma apresentação conjunta. Pato Fu, que temiam ser os hostilizados da vez pelos fãs de Guns N' Roses (que se apresentariam no mesmo dia), não fizeram feio e conquistaram com seu pop rock de isopor. Fofinhos fofinhos! E o Sepultura reinou novamente, conquistando a massa metaleira na chamada "noite do metal".
As atrações internacionais, uma vez mais, imperaram, mas também o "casting" estava excelente: Oasis, Neil Young, Rob Halford, R.E.M., Sheryl Crow, Foo Fighters, Red Hot Chili Peppers, Silverchair...e tivemos a "noite teen", com Sandy & Junior, Britney Spears (as pessoas pagaram para ouvir o cd dela), N' Sync, Five e Aaron Carter, que dispensam (negativamente) comentários...
Nota final: a Globo pagou um mico tremendo ao escalar Márcio Garcia como comentarista oficial de rock. Márcio, mesmo já tendo passado pela MTV, não entende patavinas de música. Lembro-me, com vergonha alheia, quando foi entrevistar Zélia Duncan, que estava na plateia, e a cantora deu uma aula musical pra ele sobre o show de Sheryl Crow, o qual o global, minutos antes, havia espinafrado. Feio...


4ª EDIÇÃO: 2011

Após dez anos da terceira edição, acontece a quarta, exatamente nesta sexta feira! Inicialmente previsto para 2014, para coincidir com o ano da Copa do Mundo FIFA de 2014, que será realizada no Brasil, seu lançamento foi adiantado em três anos, a pedido da prefeitura da cidade do Rio de Janeiro. A prefeitura deverá construir um novo local permanente que permitirá uma maior periodicidade do evento. Segundo Roberto Medina, "Com o novo local, que também ganhará o nome de Cidade do Rock, o Rock in Rio poderá acontecer a cada dois anos, da mesma forma que é o Rock in Rio Lisboa." O espaço não servirá apenas para o festival, será multiuso e poderá abrigar outros shows e eventos.


Posso soar saudosista, mas eu me recuso crer que bandas como NX Zero são as representantes do rock atualmente. O evento não me desperta grandes expectativas por isso, mas, no fundo, acredito positivamente na força da atração, que sempre foi capaz de gerar histórias lendárias no mundo da música, e é reconhecida mundialmente.
Obs.: Quem também estará no festival será a Legião Urbana! Pois é! Logo a banda de Renato Russo, que detestava festivais, será homenageada de maneira póstuma!
Abaixo, a lista de atrações desse ano (retirada do Wikipedia, logo, sujeita a correções!). Particularmente, gostei bem mais das do tal "Palco Sunset". O EnTHulho Musical voltará a falar do evento quando o mesmo acabar, a título de "balanço final".

Muito rock (e outros estilos) pra vocês!

Palco Mundo

23 de setembro de 2011

24 de setembro de 2011

25 de setembro de 2011

29 de setembro de 2011

30 de setembro de 2011

1 de outubro de 2011

2 de outubro de 2011


Palco Sunset



23 de setembro de 2011 - Dia Pop

24 de setembro de 2011 - Dia Rock

25 de setembro de 2011 - Dia Metal

29 de setembro de 2011

30 de setembro de 2011

1 de outubro de 2011 - Dia Rock Alternativo

2 de outubro de 2011



INFORMAÇÕES; Almanaque dos anos 80 (Luiz André Alzer e Mariana Claudina), Revista Bizz e depoimentos de amigos!


TH - Entrando no clima!

5 comentários:

  1. Por Patrícia Pats, via Facebook:

    "Problema do rock in rio é que eles colocam o nome de um estilo, mas chamam artistas que não tem nada a ver. E não adianta, Rockeiro é um bixo muito chato! Queria ter assistido ao RIR 1...os artistas pop tinham qualidade naquela época, impressionante a diferença. Enfim, bjs TH"

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Conforme bem apontado, o problema é a má distribuição das atrações no evento, fato que salta aos olhos nessa quarta edição. Acho até que o Rock In Rio III foi bem organizado nesse quesito: tivemos setores bem delineados como o dia do metal, que contou com a participação das guitarras pesadas do Sepultura, Rob Halford e Iron Maiden; o dia do pop teen, com Britney Spears e N'Sinc; e o dia mais cool com Sheryl Crow e a lenda Neil Young. Claro que houve inconsistências, como as já clássicas latinhas no Carlinhos Brown no dia do Guns 'n Roses, mas este Rock In Rio IV se supera. Elton John praticamente "abrir show" para Rihanna, Kesha (e não a Joss Stone!) no mesmo dia e palco que Stevie Wonder são de uma discrepância tremenda. Nem entro na questão do rock propriamente dito, já que desde a primeira edição se percebe que o evento procura reunir os mais variados estilos mesmo... O problema é que o pop já não tem mais o brilho de antigamente, e o próprio rock também passou por uma fase crítica de identidade nesses anos 2000. Mas aí já é do subjetivo de cada um!
    Deliciosa viagem no tempo, com ênfase nos "bafônicos" "bafos" de cada edição do Rock In Rio!
    Parabéns e grande abraço, TH!

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  4. Postado por Patricia Pats, via Facebook:

    "Eu não gosto do estilo de música do Elton John, mas foi um absurdo colocarem ele para abrir para a Rihanna!!! Sorte dos seus fãs, que puderam dormir/irparacasa mais cedo!! (pelo comentário do Emerson)"

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  5. Por Fábio Dias, via Facebook:

    "Que riqueza de post! Cultura em peso como sempre!"

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