domingo, 11 de setembro de 2011

ARTISTA DO MÊS: MARINA LIMA!






"Pra começar, é virgem o signo. Eu analiso. O olhar atento sinaliza. Ampla a significação, inteira se mostra. Por partes. Divide-se e amplia. Estrangeira, todavia, traduz, revela semelhança. Pela diferença, se identifica. Música, letra e dança.
Lá nos primórdios, acesa a chama, dança. Simples como fogo a expressão. Eu criança, dizia: eu danço bem e não vou parar. Fugaz a infância, ensina a não dançar tão devagar.
A vida segue. E no vai e vem aponta: "um certo norte está onde ela está". Na sua. Intensa presença. Sutil, é notada. No escuro se lança, grávida de som, dá luz à canção.
Linguagem universal. Atemporal, urbana, intimista, contemporânea: arte. Inquieta. É discreta sua voz. Única.
Até a ausência é marcante. E é sonoro o retorno. Difícil, às vezes. Segue o chamado, desperta. Ao acordar, ouve acordes. É setembro, me chama, eu leio sinais. Um arco de luz. “Você me abre seus braços e a gente faz um país.”


MARCIO ALMEIDA NICOLAU





O texto acima, do meu amigo Márcio (que foi ao ar aqui no EnTHulho em Dezembro de 2010), consegue traçar sensivelmente o perfil de Marina tanto para novos fãs como para os mais fiéis seguidores da diva. Diva, essa é a palavra. Marina transformou-se numa espécie de entidade da música brasileira - admirada pelo perfil roqueiro que ostentou na década de 80, e também pela versatilidade de ritmos e vertentes que demonstrou em sua extensa carreira. Não por acaso, a despeito das opiniões pouco lisonjeiras e que tentam denegri-la ou ofuscá-la por conta de "percalços" na trajetória, a quantidade de fãs fiéis e seguidores permanece intacta. Melhor: Marina adquire cada vez mais admiradores interessados em saber os motivos do fascínio e brilho que a fez se tornar o ícone que é.

E quais são esses atributos? Eu acredito que a voz (roquinha, indefectível para suas canções), a postura "cool" - que agrada tanto os sedentos de rock brasileiro, como Mpbistas conservadores e quem é ávido por novidades musicais (o disco "Climax" provocou desconforto e admiração até do mais cri-cri dos críticos), a sensualidade e a verdade com a qual se exprime (composições e interpretações). Como boa virginiana, ela é transparente nas letras - e se não faz de forma óbvia, vale-se de metáforas perfeitas e entrelinhas eficazes. A tímida do início de carreira sequer imaginava no furacão musical que se tornaria nos anos posteriores. 

Muito se falará sobre Marina Lima ao longo do mês, aqui no EnTHulho. Prometo até "dedos na ferida" - sobretudo acerca da imprensa brasileira, que se especializou em, após a crise depressiva que a cantora sofreu, tentar "relançá-la" como "a volta triunfal" a cada projeto anunciado. E, de quebra, teremos depoimentos de fãs verdadeiros, que irão explicar como Marina Lima mudou a vida deles.
Atenda o chamado de Marina...ela está chegando com tudo!





BIOGRAFIA (retirada do site Letras - autoria de Mônica Galeano Valadão)

Marina Correia Lima (Rio de Janeiro, 17 de setembro de 1955) é uma cantora e compositora brasileira. Filha de pais nordestinos;

Primeiros sucessos

Marina morou nos Estados Unidos durante a infância e o início da adolescência. Neste período ganhara um violão do pai, como um pretexto para sentir menos falta do país natal. Iniciou a carreira em 1977 quando teve uma canção gravada por Gal Costa, Meu Doce Amor. Decidiu musicar um dos poemas do irmão mais velho, Antônio Cícero e obteve reconhecimento. Estabelecida essa conexão "emocional", Marina e Cícero esqueceram antigas divergências ocasionadas pela idade e, a partir de então, trilhariam uma parceria de sucesso. De volta ao Rio de Janeiro, assina um contrato e lança o primeiro LP, Simples Como Fogo em 1979. No começo dos anos 90, assina como Marina Lima, e não apenas Marina.


Mulher 80

Desde a década de 1960, quando surgiram os especiais do Festival de Música Popular Brasileira (TV Record) até o final da década de 1980, a televisão brasileira foi marcada pelo sucesso dos espetáculos transmitidos; apresentando os novos talentos registravam índices recordes de audiência. Marina Lima participou do especial Mulher 80 (Rede Globo), um desses momentos marcantes da televisão; o programa exibiu uma série de entrevistas e musicais cujo tema era a mulher e a discussão do papel feminino na sociedade de então, abordando esta temática no contexto da música nacional e da inegável preponderância das vozes femininas, com Maria Bethânia, Fafá de Belém, ZezéMotta, Marina Lima, Simone Bittencourt de Oliveira, Elis Regina, Joanna, Gal Costa, Rita Lee e as participações especiais das atrizes Regina Duarte e Narjara Turetta, que protagonizaram o seriado Malu Mulher. 

Nordeste já 

Valendo-se do filão engajado da pós-ditadura efeminismo, cantou no coro da versão brasileira de We Are the World, o hit americano que juntou vozes e levantou fundos para a África ou USA for Africa . Oprojeto Nordeste Já (1985), abraçou a causa da seca nordestina, unindo 155 vozes num compacto, de criação coletiva, com as canções Chega de mágoa e Seca d´água. Elogiado pela competência das interpretações individuais, foi no entanto criticado pela incapacidade de harmonizar as vozes e o enquadramento decada uma delas no coro. 




Depressão e retorno

Após a morte do pai, no período de confecção de O Chamado (1993) e o cancelamento da turnê do CD posterior a este, Abrigo, de 1995, provocado por este e outros problemas pessoais, Marina entra em depressão. Na época alegava que o empecilho eram problemas nas cordas vocais. Mesmo neste estado, inspiradíssima e notavelmente cheia de vontade de cantar, lança em 1996 o CD Registros à Meia-Voz, com versões próprias para letras de Paulinho da Viola, Zélia Duncan, Christiaan Oyens, Roberto Carlos e Erasmo Carlos. Somente em 1998 é que se pode notar os danos que a depressão causou à voz: Pierrot do Brasil é um disco magistral mas que traz uma voz sussurrada, falada e um tanto castigada. Em 1999, Marina fez um ensaio para a revista Playboy.

Em 2000, retorna aos palcos com Síssi na Sua, um grandioso espetáculo, com influência teatral. É nítida a deficiência vocal, apesar de não ter problemas físicos, a voz ficou comprometida com os problemas emocionais. Em 2003, no Acústico MTV, apesar de ainda deficiente, é nítida a melhora na voz. Em outubro de 2005, Marina estréia o novo show Primórdios com duas temporadas, por duas semanas em São Paulo, seguida de outra temporada em Janeiro. Essa foi a estratégia. Experimentar como funcionam as novas idéias ao vivo para depois gravar com a certeza de agradar o público. Em Agosto de 2006, lança o CD Lá Nos Primórdios, com a voz mais firme e forte. Anuncia que está fazendo aula de canto e fono, para reaprender a usar a voz.

Composições e curiosidades

O principal letrista parceiro de Marina é o irmão Antônio Cícero, também musicado por outros grandes nomes da MPB. Durante um bom tempo Cícero esteve quase que onipresente nas composições. Buscando novos ares, parcerias com Alvin L. e William Magalhães tornam-se mais presentes na carreira de Marina a partir da década de 90.

DISCOGRAFIA

AnoÁlbumCertificaçõesVendas
1979Simples Como FogoOuro100.000
1980Olhos FelizesOuro100.000
1981Certos AcordesOuro100.000
1982Desta Vida, Desta ArteOuro100.000
1984Fullgás2x Ouro200.000
1985Todas2x Ouro200.000
1986Todas Ao VivoPlatina250.000
1987VirgemPlatina250.000
1989Próxima ParadaOuro100.000
1991Marina Lima2x Ouro200.000
1993O ChamadoPlatina250.000
1995AbrigoOuro100.000
1996Registros à Meia Voz50.000
1998Pierrot do BrasilOuro100.000
2000Síssi na SuaOuro100.000
2001Setembro50.000
2003Acústico MTV150.000
2006Lá nos Primórdios-20.000
2011Climax--

CURIOSIDADES DO ENTHULHO MUSICAL:


- Em Novembro de 1999, a expectativa em relação à sua Playboy era gigantesca. Em uma entrevista, declarou: "Acho que vou mostrar aos outros que estou viva, bonita, vivendo uma espécie de apogeu da minha feminilidade". Marina tinha 44 anos, fazia ginástica, ioga, caminhava e era muito disciplinada com horários e alimentação. 

- "SEXO É BOM!" - Em entrevista à Joyce Pascowitch, Marina revelou que transou com várias cantoras, mas que guarda a relação mais marcante: a que teve com a diva Gal Costa, aos 17 anos. “É a que vale a pena falar”, encerra. O polêmico depoimento teria desagradado a cantora baiana, que não quis nem ouvir explicações da amiga. 


- Antônio Cícero e Marina Lima constituíram juntos uma das mais belas e sensíveis parcerias musicais, em termos de poesias e composições, mas a cantora sempre foi recheada de parceiros escolhidos a dedo. Além dele e dos já citados (e aclamados) William Magalhães e Alvin L., Marina se tornou conhecida por impor sua marca pessoal em composições célebres, de inúmeros astros: Cazuza ("Carente Profissional" e "Preciso Dizer Que Te Amo"), Lobão ("Me Chama"), Legião Urbana ("Ainda é Cedo"), Paulinho Moska ("Admito que perdi"), Paula Toller e Herbert Vianna ("Nada Por Mim"), Zélia Duncan ("Tempestade" - Zélia, aliás, disse algo bem marcante acerca da cantora - de que é a única que consegue cantar a palavra "Anticoncepcional"), Roberto Carlos ("Emoções"), Caetano Veloso ("Nosso Estranho Amor"), Tom Jobim ("Garota de Ipanema") e muito mais! O contrário também se verifica, pois na década de 70, quando surgiu, Gal Costa e Maria Bethânia quiseram muito gravar composições suas! Mais ainda: o recente lançamento "Literalmente Loucas" mostra o quanto Marina influenciou a nova geração de cantoras da MPB, que interpretam com maestria seus maiores clássicos!

- E quais são os discos preferidos do dono do EnTHulho?? Pergunta das mais difíceis - ela é extremamente cuidadosa na concepção dos mesmos, lapidando com zelo e detalhista como só os virginianos são. Fazendo uma escolha meio "no tiro", vou eleger 3, a princípio: "Virgem" (87), "Marina Lima" (91) e "O Chamado" (93). Cada um deles me tocou de maneira forte e, sem exageros, conseguiu mudar minha vida, porém ela tem muito mais a acrescentar em toda sua carreira. Muitos gostam mais dos primeiros discos, outros preferem as obras menos enfocadas pela crítica - a prova viva da divisão de opiniões, que denota a riqueza de sua carreira. E o EnTHulho quer saber agora de você: "qual o disco de Marina que mais lhe marcou"? 


Antes de saber a opinião de vocês, vejamos a visão de quem já dissertou sobre a moça anteriormente:



"Marina faz rock de classe, romance sem melecas, alinhavados por uma voz na medida exata de seu estilo - único e intransferível. (...)” REVISTA BIZZ, 1987

“Marina tem cara de janeiro: verão, calor,sensualidade. Uma mulher moderna, atual, que está fazendo a cabeça de todomundo. É claro que o caminho até o sucesso não foi fácil. O mundo do rock émasculino, principalmente no Brasil. Poucas mulheres conseguiam furar essebloqueio. Mas ela traçou sua trajetória com garra, carinho e paciência, eacabou passando uma rasteira nesse "Clube do Bolinha". Hoje quem manda é você,Marina. (por AnaGaio)”

“O vendaval e Marina Lima está de volta à cena brasileira, depois de enfrentar uma terrível crise emocional que a afastou dos palcos e dos amigos. Recolhida, a cantora não conseguia falar, e muito menos, cantar. Deprimida, imaginou ter feito escolhas erradas pela vida. Entrou no estúdio para a gravação de seu novo disco e demorou sete meses para concluir "Pierrot do Brasil" - a ser lançado em julho -, o dobro do tempo necessário. Felizmente, ela encontrou seu próprio rumo e hoje declara estar vivendo um 'novo recomeço'. Recuperada e feliz, a cantora, que surgiu no finalzinho da década de 70, recebeu CARAS para essa entrevista, em que revela com sinceridade seus mergulhos e descobertas na eterna busca de conhecer a si própria. (por Regina Echeverria, Caras)

"Depois de “O Chamado”, vieram outros discos que ainda traziam a marca desse disco. Aliás, eu arrisco dizer que depois do “Chamado” a obra de Marina Lima nunca mais foi a mesma. Ficou muito melhor. Foi um verdadeiro marco em sua carreira.
Dois anos após lançar “O Chamado”, Marina presenteou seus fãs com um álbum bem mais alegre mas não menos introspectivo e poético: “Abrigo” (1995). Era a hora de Marina agradecer àqueles que a “abrigaram” no seu difícil período de “O Chamado”. “Abrigo” começa com uma música de Paulinho Moska, artista carioca em que Marina apostou muitas fichas, inclusive ajudando na divulgação do seu primeiro LP" (Marcelo Ramos, para o EnTHulho Musical, em Janeiro de 2011).

"Marina é um exemplo de como um artista que canta com a alma pode chegar ao fundo do poço por conta de problemas sentimentais que afetem diretamente a vida profissional. Mas também exemplifica que o “reerguer” é possível, visto toda sua luta para superar os entraves...ela voltou a fazer aulas de canto, deu a volta por cima em muitos fantasmas que a assombravam e está aí, continuando a construir sua bela carreira (que sempre contou com álbuns bem trabalhados, hits poderosos nas rádios, temas de novela...) tijolo por tijolo, incansavelmente. Sou feliz por ser fã de Marina! " (Thiago Henrick, para o antigo EnTHulho Musical, em Janeiro de 2009. A matéria foi reproduzida pelo fã clube oficial da cantora. )


Momentos da carreira de Marina Lima. No centro, abaixo, com Antonio Cicero e Chacrinha!



GRÁVIDA
[Marina Lima]

Eu tô grávida
Grávida de um beija-flor
Grávida de terra
De um liquidificador
E vou parir
Um terremoto, uma bomba, uma cor
Uma locomotiva a vapor
Um corredor

Eu tô grávida
Esperando um avião
Cada vez mais grávida
Estou grávida de chão
E vou parir
Sobre a cidade
Quando a noite contrair
E quando o sol dilatar
Dar à luz

Eu tô grávida
De uma nota musical
De um automóvel
De uma árvore de Natal
E vou parir
Uma montanha, um cordão umbilical, um anticoncepcional
Um cartão postal

Eu tô grávida
Esperando um furacão, um fio de cabelo, uma bolha de sabão
E vou parir
Sobre a cidade
Quando a noite contrair
E quando o sol dilatar
Vou dar a luz!


TH - E os rebentos continuam surgindo! :)




No vídeo acima, Marina canta no Especial Mulher 90. Créditos a "Paulo Gonçalo MPB".

Obs.: A foto que constava logo ao lado da parte das Curiosidades era a da Marina Lima nua na Playboy, porém foi censurada. Não sei se a pedido da própria produção da Marina Lima ou de quem foi...de qualquer forma, vamos respeitar os padrões atuais de moralidade...

8 comentários:

  1. Não conheço bem todos os discos da Marina, mas eu tenho paixão por O chamado e Abrigo, ambos dos anos 90. Setembro vai ser muito bom com a presença agridoce da Marina. Aliás Setembro não é um disco dela?

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  2. Por Fábio Dias, via Facebook:

    "Nossa esse post pra quem não conhece tão bem a artista (como eu), é fantástico! Adoro as músicas dela. Gostei da foto nua! rs
    Abração amigo"

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  3. Marina foi muitíssimo bem definida na início da postagem. Sua pegada mais ritmada e roqueira, sua voz inconfundível, seu estilo, sua personalidade, sua versatilidade que a faz ir do pop-rock à bossa nova, de "À Francesa" a "Eu Não Sei Dançar": tudo me encanta nessa mulher.
    Em Setembro o Entulho promete muito charme: "Charme do Mundo", ou melhor Charme da Marina Lima!

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  4. Thiago que beleza, quanta poesia na arte de Marina e Marcio, realmente, faz falta... bom estar aqui me engravidando de arte.

    Um beijo e sempre carinho.

    Carmen Silvia Presotto - Vidráguas

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  5. Gosto de 4 em especial: Olhos Felizes (pelas composiçoes), Desta Vida Desta Arte (pelo clima melancólico e sombrio), Fullgás (pela musicalidade pop) e Marina Lima (pela riqueza pop e é quase um resgate do disco Fullgás nos anos 90)

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  6. Thi, fico muito feliz com esse especial da Marina Lima, só tenho a agradecer, obrigado! Curto Marina desde o cd Abrigo, o qual marcou muito minha vida, e é um dos meus prediletos, mas toda a obra dessa grande mulher, é tocante, é como se ela colocasse voz a todos meus sentimentos. Sou fã incondicional da obra dela.

    "Olha, o que tá dito, tá dito
    E o que foi feito também
    Mas certas coisas
    Nem as palavras podem apagar
    Nem o tempo, nem o fogo, nem a fome, nem o corpo, nem a alma
    Nem as ondas, nem as praias, nem o mar
    Nem o mar"
    Arquivo 2 - Sissi na sua

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  7. adoro Marina e realmente é uma pena que sua linda voz se foi!
    uma grande estrela como ela mereceu esta linda homenagem

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  8. E permanece a polêmica da foto sumida...

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