sexta-feira, 24 de junho de 2011

FESTIVAL DE GRANDES ENCONTROS!

Alceu, Zé, a prima Elba e Geraldo: reuniões históricas!


Em 1996, numa época em que a música popular brasileira batalhava contra o estrangeirismo exacerbado e procurava manter-se no mapa musical do país, um ousado projeto estava prestes a se concretizar. Os primos paraibanos Zé Ramalho e Elba Ramalho uniram-se aos compadres pernambucanos Alceu Valença e Geraldo Azevedo - todos, detalhe, com uma afinidade musical muito forte entre si. Desta reunião nasceu o arrojadíssimo disco "O Grande Encontro", que nada mais é do que a junção de grandes sucessos de cada um, além de músicas que adoravam em comum acordo, num entrosamento impressionante. A junção de vozes e violões rendeu um show conceituadíssimo no Canecão, e o registro vendeu nada menos do que 1 milhão de cópias e se firmou como repertório essencial de uma época! Clássicos como Sabiá, Dia branco, O amanhã é distante, Admirável gado novo, O trem das sete (Raul Seixas), Chão de giz (Elba eternizou e fez dessa um de seus maiores hits até hoje) , Veja, Chorando e cantando, Banho de cheiro e Frevo Mulher fizeram parte do delicioso repertório.

O sucesso surpreendeu todos os envolvidos - sejam os próprios protagonistas, como também os produtores e o público. Como é tendência na música brasileira, tudo o que faz sucesso requer uma continuação - o gostinho de quero mais aliado à vontade de faturar aqui também se fez presente e decidiram lançar uma continuação. Alceu Valença, entretanto, fazendo jus a seu ego temperamental, pulou fora do barco. Os três seguiram com um disco que dessa vez foi gravado em estúdio. O Grande Encontro II (1997) fez mediano sucesso e contou com hits como Disparada, O princípio do prazer, Eternas ondas, Bicho de sete cabeças, Canta coração, Canção da despedida e Ai que saudade d´oce. Mas Alceu inegavelmente fez falta e o fato de não ser um registro "ao vivo" deixou um semblante bem menos pessoal.

Já o terceiro e último encontro foi lançado no ano 2000, novamente com Elba, Zé e Geraldo apenas. Um belo e correto disco, sem os clássicos eternizados no anteriores, mas pelo menos valeu por ser novamente um registro ao vivo. O inusitado foi fazer o encontro do trio se estender a novos convidados, como Lenine, Morais Moreira e Belchior. O repertório privilegiava mais a carreira de Zé e Geraldo, porém não teve hits da de Elba, que aceitou e venceu o desafio de impostar sua voz e composições ate então inéditas para ela! (Destaque, na opinião de TH, pra sua parceria com Lenine, em "Lá e Cá"). Os arranjos tem mais nuances que os discos anteriores e realçam com firmeza os vocais dos nordestinos, fechando sim com chave de ouro a trilogia clássica.

A música brasileira é tão vasta que se desdobra em vários segmentos. E cada um com seus mais poderosos representantes. Falar de música nordestina sem citar este excelente capítulo retratado nesses três discos é classificá-la de maneira rasa e insubsistente. Elba Ramalho, nossa artista do mês, em meio a sua vasta discografia, não pode nunca deixar de lembrar o quão foi feliz por ter sido a poderosa voz feminina em meio a tantos "machos cabras da peste" gênios e bastante musicais como seus companheiros desta série.

Entrou pra história de nossa música!


[Abaixo, um dos hits do terceiro volume. O meu preferido, contudo, é o primeiro!]


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FRISSON
Tunai. Interpretação: Elba Ramalho.

Meu coração pulou,
Você chegou, me deixou assim
Com os pés fora do chão
Pensei: que bom, parece, enfim acordei
Pra renovar meu ser faltava mesmo chegar você
Assim, sem me avisar, prá acelerar um coração
Que já bate pouco de tanto procurar por outro
Anda cansado, mas quando você está do lado
Fica louco de satisfação, solidão nunca mais
Você caiu do céu, um anjo lindo que apareceu
Com olhos de cristal me enfeitiçou, eu nunca vi nada igual
De repente você surgiu na minha frente
Luz cintilante, estrela em forma de gente
Invasora do planeta amor, você me conquistou
Me olha, me toca, me faz sentir
que é hora agora da gente ir...


TH - Quisera "encontrá-los" juntos, alguma vez!





5 comentários:

  1. "Disparada" é disparada a minha música preferida. Reflete bem a situação da vida difícil no nordeste, com a seca e da realidade de desde cedo aprender a fazer malabarismos pra sobreviver...é uma "balada politizada", o elemento político consoante na ótima letra é muito forte! Infelizmente não consegui nenhum vídeo da canção cantada ao vivo por eles - mesmo sendo do Grande Encontro II, que foi gravado em estúdio, eu queria achar algum registro deles ao vivo. Enfim...

    Discos maravilhosos e bem acabados!

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  2. Eu não gosto muito do segundo disco, acho-o um tanto quanto "cash-in".
    Meu preferido também é o primeiro.

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  3. Oi sumido! Quanto tempo! Venha me visitar qualquer hora...

    Obs.: Quanto a sua homenagem à Elba, já postei aqui anteriormente que adoro a música "Chão de Giz". É belíssima!!!

    Bjs e bom fim de semana!

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  4. Tem um selo te esperando lá no meu blog!
    Blogueiro de qualidade é assim!

    Passa lá!

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  5. O primeiro é o melhor de todos! excelente.

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