sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

ARTISTA DO MÊS - CLARA NUNES!




Como estão? Prontos para mais um ano musical, com o melhor da música brasileira?

Eu estou bem, e entrei em 2015 com a corda toda, louco pra postar em nossa revista musical on line!

Muitas surpresas programadas para vocês aqui no EnTHulho Musical, e a primeira delas já aparece aqui: o retorno da seção ARTISTA DO MÊS!

Para quem não lembra, desde 2010 eu elegia um artista nacional para ter uma série de matérias ao longo de determinado mês. Já foram tantos...Chico Buarque, Adriana Calcanhotto, Alceu Valença, Raul Seixas, Ivan Lins, Marina Lima, Milton Nascimento...só para citar alguns.

A última foi a Elis Regina, justamente naquele janeiro de 2012, quando fazia 30 anos de sua morte. A matéria está dentre as mais lidas do blogue, como vocês podem constatar na barra lateral. De lá pra cá, houve o hiato do EnTHulho e, quando efetivamente voltou, em Outubro de 2014, recomeçou sem a seção dos artistas do mês, que volta com força total a partir de agora!

E, como estamos numa vibe de bons fluidos, bons pensamentos e positividade, que tal embarcarmos com os orixás do bem e esse sorrisão inconfundível da MPB? Evidente que falo agora de Clara Nunes!!

Uma verdadeira entidade da música brasileira, minha relação com Clara sempre foi de admiração. Desde pequeno a via nos discos da coleção de meu avô, com aquele rosto familiar, aquela simpatia genuína que faz com que pensemos que é uma pessoa conhecida, de nossas relações. E com o samba de qualidade como principal artifício, 

Clara Nunes sempre estava bela. Fazia questão de sempre estar arrumada, vibrante, florida (amava as flores e os penduricalhos que a enfeitavam) e sorridente (mesmo quando cantava músicas mais tristes). Retrato fidelíssimo da mulher brasileira. A mineira sempre esteve intimamente conectada ao Rio de Janeiro, e essa relação era mútua: o RJ sempre a acolheu de braços bem abertos!

Vivenciei, porém, um lado negativo em relação à cantora, e se deu por causa do (sempre) preconceito de pessoas mais religiosas, até porque Clara era declaradamente adepta da cultura africana, o que, na mente rasa de pessoas limitadas pela religião, era algo mal visto e sombrio. Muita má vontade com uma cantora que irradiou sua energia por tantos lugares, em interpretações fantásticas e eternizadas. 

Para mim, várias alcunhas (dadas por suas músicas e pelos títulos de seus álbuns) lhe fazem jus perfeitamente: SER DE LUZ, CLARIDADE, BELEZA QUE CANTA, GUERREIRA, MORENA DE ANGOLA, FORÇA DA NATUREZA, SABIÁ, ESPERANÇA, BRASILEIRA MESTIÇA e TANTAS MAIS!

Lamento DEMAIS que este SER DE LUZ tenha nos deixado tão cedo, e ainda mais pelo motivo que isso se deu...

Mas, nada de negatividade. Hoje tem "CLARIDADE" aqui no blogue e, como sempre, espero que vocês SE DIVIRTAM!


Reunião de momentos Clareanos. 


BIOGRAFIA RESUMIDA (Pelo Dicionário Cravo Albin da MPB)

Cantora. Compositora. Nasceu em Cedro (Distrito de Paraopeba), hoje Caetanópolis, onde viveu até aos 16 anos. Era a caçula dos sete filhos do casal Manuel Ferreira de Araújo e Amélia Gonçalves Nunes. O pai tinha o ofício de serrador (marceneiro) na fábrica de tecidos Cedro & Cachoeira, e era conhecido como Mané Serrador, violeiro e participante das festas de Folia de Reis. 

Em 1944, ficou órfã de pai e pouco depois, órfã de mãe, sendo criada por sua irmã Dindinha (Maria Gonçalves) e o irmão José, conhecido como Zé Chilau. Participou de aulas de catecismo na matriz da Cruzada Eucarística, onde cantava ladainhas em latim no coro da igreja. Aos 14 anos ingressou como tecelã na fábrica Cedro & Cachoeira. 

Dois anos depois, mudou-se para Belo Horizonte, indo morar com a irmã Vicentina e o irmão Joaquim. Trabalhou como tecelã, fez o curso normal à noite e, no final de semana, participava dos ensaios do Coral Renascença, na igreja do bairro onde morava. Cresceu ouvindo Carmem Costa, Ângela Maria e, principalmente, segundo as suas próprias palavras, Elizeth Cardoso e Dalva de Oliveira, das quais sempre teve muita influência, mantendo, no entanto, estilo próprio. Em 1966 interpretava "Amor quando é amor" (Niquinho e Othon Russo) no filme "Na onda do iê-iê-iê", do diretor Aurélio Teixeira, o que marcaria o início de seu relacionamento com à Jovem Guarda, pois o filme era recheado de números musicais com o pessoal do movimento, destacando-se o cantor Paulo Sérgio, Ed Lincoln, Wanderley Cardoso, Os Vips, Sílvio César, Rosemary, The Fevers, Renato e Seus Blue Caps. 

No ano seguinte a cantora voltou às telas do cinema, desta vez interpretando a marcha "Carnaval na onda", de José Messias, no filme "Carnaval Barra Limpa", de J.B Tanko. No filme participaram João Roberto Kelly, Emilinha Borba, Ângela Maria, Altemar Dutra, Marlene e Dircinha Batista. No ano de 1968 fez a sua última atuação em cinema, quando interpretou "Não consigo te esquecer", de Elizabeth, no filme "Jovens Pra Frente", de Alcino Diniz, estrelado por Rosemary, Jair Rodrigues e Oscarito. Após essa gravação parou de flertar com o movimento da Jovem Guarda e passou a cantar samba por influência de Ataulpho Alves e Adelzon Alves. Ao que se sabe compôs uma única música em parceria com Maurício Tapajós e Paulo César Pinheiro "A flor da pele", que integrou o LP "As forças da natureza". Pesquisou a música popular brasileira, seus ritmos e seu folclore. 

Viajou várias vezes para a África, representando o Brasil. Conhecedora das danças e das tradições afro-brasileiras, converteu-se ao candomblé. Foi uma das cantoras que mais gravou os compositores da Portela, escola para a qual torcia. Fundou com o marido, o poeta e letrista Paulo César Pinheiro, o Teatro Clara Nunes, no Shopping da Gávea, no Rio de Janeiro. Faleceu vítima de complicações operatórias decorrentes de uma operação de varizes. Em 1988, Maria Gonçalves, irmã de Clara Nunes, reuniu em Caetanópolis várias peças do vestuário da cantora, assim como adereços e objetos pessoais e criou uma sala que abriga o acervo de sua obra em um espaço físico com cerca de 120 metros, anexado à creche que leva o seu nome. 

Em 2004 a Prefeitura de Caetanópolis inaugurou o Instituto Clara Nunes (anexo à Creche Clara Nunes), ambos coordenados por Maria Gonçalves, irmã velha da que passou a criar a cantora quando esta tinha apenas quatro anos. Empresas como Vallourec & Mannesmann, entre outras, pretende dar apoio à criação de um futuro "Museu Clara Nunes", em memória de sua filha mais ilustre. O museu será no antigo cinema Clube Cedrense, que pertencia à fábrica têxtil Cedro-Cachoeira, no qual a cantora se apresentou pela primeira vez. Ao acervo, coordenado pelo sobrinho da cantora, o músico Márcio Guima, foram incorporadas novas peças. No ano de 2012, em comemoração ao aniversário de 70 anos, a cantora ganhou um memorial em sua cidade Caetanópolis, em Minas Gerais. 

Com curadoria de sua irmã mais velha Maria Gonçalves (a Mariquita), o acervo do Memorial Clara Nunes conta com 6.100 peças pessoais e artísticas da artista, cedidas por vários amigos, inclusive, o ex-marido Paulo César Pinheiro. No Rio de Janeiro, neste mesmo ano, foi inaugurado o Mergulhão Clara Nunes, passagem subterrânea que liga os bairros de Madureira e Campinho, na Zona Norte da cidade. Ainda como parte das comemorações dos 70 anos, seu biógrafo, Vagner Fernandes, relançou a segunda edição, revista e aumentada, do livro "Clara Nunes - A Guerreira da Utopia".

FALECIMENTO 

Em 5 de março de 1983, Clara Nunes se submeteu a uma aparentemente simples cirurgia de varizes, mas a cantora acabou tendo uma reação alérgica a um componente do anestésico. Clara sofreu uma parada cardíaca e permaneceu durante 28 dias internada na UTI da Clínica São Vicente, no Rio de Janeiro.

Neste ínterim, a cantora foi vítima de uma série de especulações que circulavam nos meios de comunicação sobre sua internação, entre elas inseminação artificial, aborto, tentativa de suicídio ou espancamento por seu marido Paulo César Pinheiro.


DISCOGRAFIA


1966 - A Voz Adorável de Clara Nunes
1968 - Você Passa, Eu Acho Graça
1969 - A Beleza Que Canta
1971 - Clara Nunes (Odeon) 158.710 cópias vendidas
1972 - Clara Clarice Clara (Odeon) 164.542 cópias vendidas
1973 - Clara Nunes (Odeon) 250.120 cópias vendidas
1974 - Brasileiro Profissão Esperança (Odeon) 219.010 cópias vendidas
1974 - Alvorecer (Odeon) 784.028 cópias vendidas
1975 - Claridade (Odeon) 1.125.410 cópias vendidas
1976 - Canto das Três Raças (EMI-Odeon) 1.285.058 cópias vendidas
1977 - As Forças da Natureza (EMI-Odeon) 809.047 cópias vendidas
1978 - Guerreira (EMI-Odeon) 1.011.005 cópias vendidas
1979 - Esperança (EMI-Odeon) 900.485 cópias vendidas
1980 - Brasil Mestiço (EMI-Odeon) 2.002.450 cópias vendidas
1981 - Clara (EMI-Odeon) 811.587 cópias vendidas
1982 - Nação (EMI-Odeon) 1.254.998 cópias vendidas


ABAIXO,O DEPOIMENTO EMOCIONADO DE JOÃO NOGUEIRA, SOBRE NOSSA MUSA



NÃO PERCA!!

Ao longo do mês de Janeiro, o EnTHulho continuará prestigiando essa grande artista, com matérias especiais, e, como sempre, MUITA MÚSICA!!



Clara Nunes em uma das fotos que estão no livro 'Guerreira da Utopia'


SER DE LUZ
João Nogueira, Paulo César Pinheiro e Mauro Duarte
Interpretação: Clara Nunes

Um dia
Um ser de luz nasceu
Numa cidade do interior
E o menino Deus lhe abençoou
De manto branco ao se batizar
Se transformou num sabiá
Dona dos versos de um trovador
E a rainha do seu lugar
Sua voz então
Ao se espalhar
Corria chão
Cruzava o mar
Levada pelo ar
Onde chegava
Espantava a dor
Com a força do seu cantar

Mas aconteceu um dia
Foi que o menino Deus chamou
E ela se foi pra cantar
Para além do luar
Onde moram as estrelas
A gente fica a lembrar
Vendo o céu clarear
Na esperança de Vê-la, sabiá

Sabiá
Que falta faz tua alegria
Sem você, meu canto agora é só
Melancolia
Canta, meu sabiá, voa, meu sabiá
Adeus, meu sabiá, até um dia




TH - Um janeiro CLARO pra você também :)

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