domingo, 4 de julho de 2010

MÚSICA - MEMÓRIA AFETIVA: SEM EXPLICAÇÕES NECESSÁRIAS (04/07)


Antes das lembranças pessoais/afetivas propriamente ditas, falemos de Gilberto Gil: a idade me impede de ter "vivenciado" o tempo das melhores canções e composições do nosso ex-ministro da cultura. Gostaria muito, por exemplo, de ter vivido no auge da Tropicália, ou na vigência dos Doces Bárbaros. Mais ainda: quando nosso ícone baiano foi exilado e valeu-se apenas de sua crítica, com metáforas musicais certeiras para externar tudo aquilo que lhe era amordaçado pelos mandos e desmandos da quartelada militar nos 60's. Adoraria ter sido um adolescente reacionário nesse cenário e poder usar a música como voz de protestos tão necessários contra a Ditadura. Acompanhar o fruto de minha pesquisa musical como se fossem lançamentos de rádio daquela época seria mesmo uma sensação orgásmica, no entanto, valho-me do pensamento de que música boa é atemporal: não importa quando as escutamos - surte-nos com efeito e grandes emoções a qualquer tempo, de todas as maneiras!
No lugar de pensamentos tão bem fundamentados como os acima, vem, em seguida os nonsenses: não é necessário, pra ratificar uma memória musical afetiva, associarmos épocas certas ou pessoas adequadas. As correlações musicais podem aparecer com ou sem motivos. São desvaneios da mente - eficazmente sublinhados pelo poder que a música tem em nossas vidas. Exemplo disso é ouvir Madalena, do mesmo Gil, e criar imediatamente um link às tardes que eu passava na casa de minha avó paterna, Noélia, in memorian. Não sei por qual razão existe essa ligação, pois ela detestava tudo do Gilberto Gil, e lá não tinha rádios ou vitrolas para ter escutado e justificar essa nostalgia subconsciente.
Logo, tanto faz se a gente viveu determinado período ou não: a música vai estar sempre lá, se fazendo presente com ou sem motivo aparente. Podemos ouvir qualquer canção-símbolo de alguma coisa e não lembrá-la apenas por isso. Só por recordar. Comunicações auditivas são mesmo esquisitas e este é mais um grande mistério do ser humano - e dos mais musicais possíveis! :D

"Madalena" foi a primeira música de trabalho do ótimo disco Parabolicamará, de 1992

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MADALENA
Gilberto Gil

Fui passear na roça
Encontrei madalena
Sentada numa pedra
Comendo farinha seca
Olhando a produção agrícola
E a pecuária
Madalena chorava
Sua mãe consolava
Dizendo assim
Pobre não tem valor
Pobre é sofredor
E quem ajuda é Senhor do Bonfim

Entra em beco sai em beco
Há um recurso madalena
Entra em beco sai em beco
Há uma santa com seu nome
Entra em beco sai em beco
Vai na próxima capela
E acende um vela
Pra não passar fome


TH - Tantas recordações...


3 comentários:

  1. Finalmente conheci o novo EnTHulho, TH! Que visual lindo.adorando essa nova fase de nossas vidas, amigão. Sempre tô torcendo pra ti.
    Ótimos textos, como sempre.

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  2. aehhh moçoooooo, como vai vc? não curto mt gilberto, mesmo ele sendo esse gênio todo, enfim, mas gosto é gosto... e tu escreve tao bem q merece um segundo olhar a respeito do cara. ^^
    bj

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  3. Gostei desta seção aqui, você devia explorar mais estas memórias, a idéia é bacana.

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