
Pra quem não conhece, foi uma banda de rock progressivo nosso artista do mês, Guilherme Arantes, participava.
Quem apresenta é a ilustre convidada Grazi Ella Feliz Ares, mais uma vez enriquecendo nossa revista musical on-line.
Boa leitura!
"Guilherme Arantes já pilotou um "Moto Perpétuo". Por Grazi Ella Feliz Ares, SP.
Quem apresenta é a ilustre convidada Grazi Ella Feliz Ares, mais uma vez enriquecendo nossa revista musical on-line.
Boa leitura!
"Guilherme Arantes já pilotou um "Moto Perpétuo". Por Grazi Ella Feliz Ares, SP.

“Conheci o Chicão, o Pudim, o Michelin, o Kadú (Moliterno) e o Capê. O Polissonante na verdade não passou muito dos ensaios e de algumas apresentações no Tênis Clube e no Círculo Militar, onde era o máximo tocar. A gente vivia zoando no ônibus elétrico pela Aclimação, soltando sacos de bolinhas de gude no chão, e nos ensaios do conjunto eu brilhava porque tirava tudo de ouvido na hora, era o mais novinho da turma, as garotas curtiam com a minha cara de bebezão (cheia de espinhas, por uns 6 anos de inesquecível angústia).”
Apesar do talento, a família de Guilherme ainda não estava convencida de que o meio musical era o melhor caminho. Guilherme prestou vestibular para Arquitetura, influenciado pela mãe, mas não passou. Fez cursinho e, como ele mesmo diz:
“Após ralar brilhantemente naquela fábrica de salsicha - todos os ‘cursinhos’ são uma espécie de igreja de lavagem cerebral - acabei passando no Mackenzie e na tão sonhada FAU, da USP. Optei pela FAU, e gostei de cara da escola, fiz muitos amigos, e gostava muito das tertúlias musicais na casa do Bicalho, que morava perto da USP. Acho que o curso era bom demais pra mim... Já no segundo ano eu estava de novo distante, com a cabeça em outro chamado, não passei do primeiro semestre em várias matérias básicas. Conheci o Claudio Lucci, brilhante violonista, e com ele fui procurar um velho amigo, o Diógenes, o melhor baterista que vi tocar em toda minha vida.”

Aliás, os demais integrantes da banda eram bastante fiéis ao estilo rock progressivo, enquanto Guilherme preferia as baladas. O gosto musical de Guilherme influenciou muito a banda, já que as canções, em sua maioria, eram compostas por ele, que também era o vocalista principal. Das onze canções, apenas duas foram compostas por Cláudio Lucci. Apesar das diferenças e desavenças, o disco saiu em 1974, com arranjos bastante inusitados para a época. Como a banda não recebia espaço para divulgação na mídia, para alavancar a venda dos LPs, o grupo passou a vender as cópias durante os shows em universidades, no Teatro 13 de Maio ou em festivais hippies. Entretanto, Guilherme detestava o ambiente dos festivais hippies, se irritava com os banheiros sempre sujos e a falta de educação da plateia que não entendia a mensagem da banda: “Em Iacanga, festival de Águas Claras, fomos ser chacota da galera boçal que gritava: "Toca Rock!!". Ali se apresentaram "O Terço", "Som Nosso de Cada Dia", etc. Eu nunca gostei do lado escatológico do movimento Hippie - o fedor, a sujeira dos ‘banheiros’, a comida comunitária, os bichos grilos em profusão, num movimento já esvaziado e nostálgico. Cedo percebi a estupidez das multidões, a falsidade do tributo que cada época nos obriga a pagar... Aquele grito "Toca Rock!!" ficou sendo emblemático para mim. Cada período cobraria seu tributo, seja nos cabelos e nas roupas, nas bandas pretensiosas, no discurso político, mais tarde o bate estaca da discoteca, do "desbunde" do pó, até o pragmatismo eficiente dos Axés, dos rodeios, do Dance Music com seus DJs, MCs e Promoters, tudo me soa como se o mundo houvesse "curralizado" a cultura de massa. Também, de que vale essa cultura?”

Uma história, diga-se de passagem, de muito sucesso e grandes conquistas...
Texto exclusivo do EnTHulho Musical. Todos os direitos reservados.
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Agora, vamos à música do Moto que o próprio Guilherme considera como a sua favorita!
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VERDE VERTENTE
Moto Perpétuo.
Composição: Guilherme Arantes
Granulou-se verde vertente
onde o brilho solar atinge
muitos anos já se passaram e quase não vi
que espalhou-se o verde em vertente
onde o brilho solar refringe
muitos anos já se passaram que desconhecia
o seguinte passo
nada que não faço mal e mal me faça passar
qual a nova sêde
que é de tanta sêde que não sente
não é nova, novamente
nesse assônico escuto o simples
pois há meios de boa fala
muitos anos já me bastaram sem voltar aqui
nesse assônico escuto o simples
pois semeio-me sem forçá-lo
muitos anos já me bastaram até este dia...
TH - Mais uma luxuosa colaboração de Dona Grazi! Obrigado!
A Grazi é uma fã empolgada, né???
ResponderExcluirMuito legal saber dessas particularidades por ela.
Parabéns pelo textinho!!!
Testando isso aqui. Blogspot vez por outra dá um "tilt" e os comentários ficam indisponíveis
ResponderExcluirAHHHHHHHHHHHH AGORA SIM...COMO NÃO COMENTAR ESSE TEXTO DA GRAZI CHEIO DE EMOÇÃO E DETALHES IMPORTANTES DE UMA CARREIRA BRILHANTE QUE SERVE DE EXEMPLO PRA TODOS NÓS NO QUE SE DIZ RESPEITO A LUTAR PELO SEU ESPAÇO E NÃO ABRIR MÃO DAS SUAS ESCOLHAS...SALVE GUILHERME ARANTES...OBRIGADA POR EXISTIR E FAZER PARTE DA HISTÓRIA DA MINHA VIDA!!!!!! PARABÉNS À GRAZI E AO THIAGO PELO ESPAÇO...ENCANTADOR!!!!!!
ResponderExcluirEnTHulho sempre com novidades. Honra os elogios com mérito. Nesse mar de bobagem que é a internet, a sofisticação do teu blog, TH, salta como um oásis. Parabéns!
ResponderExcluirA autora do texto, a Grazi: gostei muito do teu entusiasmo e adorei conhecer o Moto Perpétuo. :)